Textos Surrealistas
"SENHOR VAZIO"
Medo, terror, hipocrisia, mentiras e presunção são apenas exemplos de um sol finito, mas longo. A palavra é assim um meio de transporte para os valores nulos, para que tudo o que exista mude, consoante a vontade do existir dessa mesma entidade. Através de cenouras ou gritos, de mosquitos ou guerreiros que nunca existiram, provavelmente, ou até mesmo de um querer inultrapassável, basta dizer, que a cor manda.
Esta entidade, o Sr. Vazio, cheio de confiança, tenta prová-lo… se conseguir é apenas um acréscimo a que se pode dar ao luxo.
Ouvi o que sussurraste com a calma de estandarte! Agora grito a plenos pulmões o que queres ouvir, mas aviso-te desde já, desde este momento onde me perco de uma forma alucinante, que nada, mas mesmo nada mudará o reflexo da nossa sombra naquela lagoa adiante! A razão é simples. Suar por entre os olhos será um destino cozinhado pelo mestre da insolvência… nesse destino caminhar é uma ferramenta, à qual darás um uso quase profético e filosófico. O teu olhar desaparece e o mágico da tua inconsciência surgirá no planalto queimado por madeixas soltas e verdes de inveja, com salpicos de sangue azul para que o vermelho sobressaia na crueldade de mosquitos moribundos. Vazio, como podridão, alimentar como necessidade ou como drama quase que intelectual, é o ser ou não ser, é a questão, imagina tu, preponderante de uma sola gasta e gasta mas que gosta de gostar de ser gasta…vai tu!
No silêncio de um vácuo criado por despojos não interessantes, realidades frontais, simplesmente confrontam-se. Não há vencedores nem vencidos, apenas guerreiros, assim denominados mesmo antes de serem criados. Lutas periféricas, gansos e mosquitos, malcriados e bem-criados, em tons reconhecidos quase finos e quase terra, muita terra, fazem parte, a um nível ideológico e fundamentalista, do cenário reluzente e límpido que aparenta ser razão de um qualquer mercado do antigamente. No céu, a terra, na terra, mais terra. Mais abaixo, um pouco mais, imaginem… mais terra… Ainda mais abaixo, apenas muito mais abaixo e para toar, terra. A diferença nota-se quando um pouco e muito mais acima temos o que uma parte dianteira calca e calca e calca… mais terra.
Os guerreiros, habituados a tais cenários carregam os dentes manchados de desigualdades e solas podres provenientes de registos mostrados numa folha de estatística a um pseudo-vertical de etiqueta supostamente cara para o objectivo final. Quando numa poça se deparam, guardam seus dentes no bolso, fecham as mil e nove bocas e dizem uma palavra cabulada na podridão da sola. Os mosquitos moribundos conhecem-na de cor, aliás, criaram-na… Deles foi roubada, deles foi tirada como quando um sonha rouba a cor. O objectivo final, esse, é provavelmente, o pesadelo. Mas porque assim se chama. Aqui, neste momento, neste acontecimento mediático para os sentidos palpáveis acontece… simplesmente acontece a cor. Ela existe, como finalidade, para ele e para eles… para todos. È uma igualdade. Não a zero, mas com zeros, nem cedo nem tarde mas a horas, com minutos, segundos e cenouras amarelas. Com espelhos onde qualquer um existe, de molduras sensuais e risonhas mesmo quando choram por uma lágrima que teima e teima em não percorrer a face rasgada de cima a baixo, a face suja e carregada de terra de um guerreiro esquelético e ensanguentado por um ganso escultor, por um ganso autor do cenário onde o estalar do pensamento merdoso que só contém as ideias, frívolas e simultaneamente ausentes, lembra o nada.
No entanto, até o nada tem amigos… até o nada tem um melhor amigo… o nada, na barriga ou na cabeça, num calcanhar ou num ganso, é a mascara do Sr. Vazio…
Das doze mil, quatrocentas e setenta e nove ideias que pairam no ar fustigado pelo sofrimento cansado pela perda de uma entidade real, uma não conta. No entanto, ou melhor, portanto, a ausência de onde excrementos moribundos fogem, esclarece o pudor de museus cronologicamente apetecíveis para um guerreiro de boca informada.
Na terra, abundante em terra, as lagoas de festividades por uma não vitória e por uma não derrota, regam com clareza sumptuosa a mística de criação, de regular o descontrolo vadio que pernoita, noite atrás de noite, na tenda do abismo intelectual, do abismo onde cair e ficar é a regra de ouro. Por uma boca, vermelha ou azul, manchada ou rota, perde-se ou ganha-se, o quê, não interessa, talvez, o pesadelo.
Em cores predestinadas para realezas e burguesias que do alto e engravatados com jóias misteriosas vomitam, videntes de palmo vêem claramente um destino. A verdade não é para aqui chamada. A verdade nunca é convidada e o medo instala-se quando se faz convidada. Quando num momento, esclarecido e formado por esses mesmos videntes, o destino grito, doze mil, quatrocentas e setenta e oito ideias corem pelo imaginário dos guerreiros que uma vez mais, nunca ganharam, para de seguida, num estalar de olhares desiguais, perceberem, sem margem para dúvidas, que mais nada, para além desse correr, está no horizonte.
Será o desaparecimento, mas como acréscimo. A imensidão da ideia que não conta revelar-se tão real, tão poderosa, que cicatrizes virão de outros mundos, mesmo daqueles onde os nós são reais, onde o tempo tem lugar reservado e onde a hipocrisia é senhora absoluta. Tão poderosa, que pestanas irão carregar palácios e mais palácios, um para cada guerreiro, onde as grandes portadas se abrirão como quando um sono desperta. Nos gansos, flamingos amarelos e de sobrancelhas vastas marcarão o que nunca foram…livres. Nos mosquitos, apenas os irão calcar, regozijando as patas de uma forma… fútil. Na terra, gravações de esvaziados e despejados de pensamentos e bancos de moralidades contínuas e exíguas ao ideal perfeito e perfeitamente evitável, não serão mais que…falhas. Na dianteira de um qualquer animal, irá o guerreiro com tabuletas misteriosamente incolores, onde se poderá ver a insígnia do não e do sim e do vice-versa. Quando da terra saírem e na terra entrarem, constatar será o objectivo novo que de velho terá apenas a máscara do Sr. Vazio.
Numa concepção irregular de ideias, históricos e sujos de pó contínuo passado, o Sr. Vazio esclarece, apenas por princípio, a qualidade do ar que dá a respirar. Num tal vácuo escuro e sombrio, partículas quase que melodiosas, controlam algo que não irá durar muito tempo. A funcionalidade física não o permite. As solas místicas que continuam a calcar, minimizam a importância de criações que partem dum nada. Crescer para voltar a nascer e nunca ser crescido faz parte de uma linha de código seguida, irremediavelmente, por militantes altruístas que não esquecem origens e não têm pudor mental para se relacionarem com o que escrito está, com o que é uma imposição. Caso não sigam como assim são obrigados, obrigados são a tornarem-se ramos visíveis e gerais de estatísticas alteradas e batoteiras, só para que uns sejam, segundo esses pseudo-verticais, supostamente, melhores, superiores ou ainda mesmo algo mais, nome esse, que não surge.
Mandamentos, portanto, rasurados de tábuas amarelas, de musgo alucinante, pertencente à escravidão dos dedos e dos pulsos, firmes, leigos, humildes, renascem de ditaduras com maiorias menores, de fiascos inabaláveis para as montanhas ensanguentadas de um cenário onde novamente a terra, crua e esburacada, é rainha e senhora. De muito lhe vale… pouco lhe vale… nada lhe vale… o Sr. Vazio não sabe se gosta, no entanto, respira o próprio ar que avalia, é a avaliação do ar, nunca ambiental mas também porque razão o seria?
Reatar o conhecimento adquirido pelos bens materiais a que te sujeitaram, desloca cenouras e palitos triangulares, quase uniformes, em uniformes sujos, poeirentos e antigos para o próprio antigo. Na colecção de leques pontuais, adquiridos na imensidão de pontos fulcrais passados, destaca-se o onírico e plano tema do não ser, do não ter, do ter o que não se quer. Se quatro rodas é mais, muito mais que uma só, és, foste, pé descalço… se, no entanto, quatro rodas é menor que um grande tecto, és, foste, pé descalço. No enquadramento dos dois sentidos, calcaste a merda classificada por não. Mas se o sim for irreal, pensado e mesmo sonhado o capitão Vazio lembra a tudo uma e só uma coisa de gritos profundos como a sombra dos palitos:
“Vós, Nós…
Bois, carroças de um…dois não!
Lembrai-vos da terra que se transforma em terra.
Cenários triangulares de peças assim iguais!
Comei e bebei! Cenouras e sumo de cenoura!
Escravos, concluam… escravos, o nada espreita.
Ataquemos pois!
Aos vossos postos! Por Vós, Nós, pelos bois em carroças!
Defendam-se do tudo! ”
O capitão Vazio falou...!
Nos olhos que me emprestaram encostei dezenas de milhares de pestanas sem vida, mas com experiências e regalias que controlavam pestes de mosquitos armados com cenouras azuis e bastante gastas devido à exuberância de questões que não eram palpáveis. Uma delas, numa delas, percebia-se claramente as respostas finitas que calculavam segredos externos a dores compatíveis com esqueletos duvidosos. Calculavam lucros provenientes de terrestres ideias, lucros oriundos de pensamentos longínquos e prejuízos de palavras associadas a outras palavras extensas de solidariedade primitiva.
No tentar do equilíbrio, o realçar de um dos pratos da balança batoteira, questionava a existência da terra, natural, límpida, real e castanha. No entanto, questionar não seria o mesmo que apadrinhar filosofias de conforto cortantes, no entre linhas desanuviado desse mesmo tentar. Era apenas uma pestana sem qualquer tipo de motivação acrescida perante a inofensiva colocação de materiais materiais perante a exercida força revolucionária de um qualquer, e insistia constantemente o Sr. Vazio, guerreiro, palmilhado por suores frios que calor causava na terra não natural que desmotivava por apenas assim ser. Não era subjectivo, era a lei, era a podridão da exclusão mediática e simplificada que nem a própria tecnologia dessa mesma época (qual!?) conseguia calcar e calcar. E…calcar.
Nos pântanos desse calcar, as pestanas, dezenas de milhares, sobressaiam-se, enchendo o peito, andando de pêlo erguido e eliminando encostos que elas próprias não se davam ao trabalho de compreender. A única meta, num nada, juntamente com o Sr. Vazio era, apenas, criar mais um nada. O Sucessivo era uma constante, de forma homogénea e claramente real para guerreiros de cara lavada. Na barba e nas questões, as cenouras rapavam as milícias que não cresciam pois não sabiam como. A ironia, ou melhor, a hipocrisia disto tudo é que, tudo isso se conjuga no presente e não somente no passado. A estupidez é que se conjuga no futuro. O Sr. Vazio de pestanas aceleradas vive enquanto desenvolvimento tardio, enquanto olhares vêm de olhos emprestados e de pestanas arrogantes e condescendentes. Solução? A terra de letra minúscula o dirá, se conjugar o conseguir…
Gritar os nomes dos guerreiros não sagrados das terras castanhas que forram as paredes do cenário real da paisagem, é uma missão deste caro Senhor. Por e através de listas manchadas por bocados de cenouras acostumadas a celebrar vitórias batoteiras, um a um, são chamados para que presença seja o sinónimo de morrer por uma causa. Em sentido, com verticalidade áspera e crua, um passo dão em frente em sinal de obediência, pois como não só a palavra indica, a obrigação gera a obrigação de estarem obrigados e n final, seja ele qual for, dizer nada e ainda um obrigado.
Com a melodia rancorosa percorrendo veias achatadas e com musgo crente em diferentes cenários e após chamada incessante, partem, guerreando com uma simples pedra castanha até a uma simples nuvem também castanha. À frente, em jeito de rei de um só olho, o Sr. Vazio canta, apelando a forças que não necessita, que por vezes não existem, e até, ironia das ironias, não criadas por ele. No fundo, e na tona, são enganos, publicidade enganosa, para que o sigam sem questões. E não é que consegue? Combater, segundo ele diz, andar e andar, por musgos inerentes às forças que não existem, reconhecer e agradecer, viver e sempre morrer, no nada, com o nada para todo e todo nada. Diz ele, grita o Sr. Vazio, que no nada está o inimigo, que o nada são eles, guerreiros congelados e hipnotizados, que o nada atravessa o nada, independentemente do cenário que nada tem, que nada possuí.
Matematicamente, para que nada falhe, para que o tudo falhe, matrizes são distribuídas com cálculos oníricos e falsos mas que criam a simbologia necessária para que virem à esquerda ou à direita.
Imaginem um pedaço de terra no cimo de uma nuvem… o abismo é a constante. Quando assim é, porque é, o sinónimo passa a ser, simplesmente, tudo… mas também castanho.
CARTA DO SR. VAZIO AO NADA – ULTIMATO
“
Exmº. Sr.Nada
Venho por este meio autopsiar vosso terreno, que doura no castanho irreflectido de prepotências além sequiosas. Pestanejo de vertical para com canetas de cor castanha, brilho no horizonte sem horizonte e imagino-me, só a mim, eu próprio. Declaro por meios sujos, de solas corrompidas de odores castanhos e restos putrefactos, que, sem margens para qualquer dúvida, estou de linearmente com risco acastanhado. Daí, por ventura, dizem-me os meus guerreiros sem boca e sem pio, de espada entrelaçada no medo que lhes pago em troca de sangue, que é meu dever e direito apoderar-me de seus serviços e serviçais, modestos ou não, assassinos ou simples tons de algo que nunca mais terão. No Nada quero o nada para que eu, Sr. Vazio, cresça e desenvolva o meu estatuto de criador de cenários castanhos.
Anteriormente, na aldeia Inércia, uns monstros de tons que não castanhos, cresceram, magnânimos, disseram-lhes. Hoje não são mais do que castanho! Bravos guerreiros! Beberei o nada ao almoço. Ao fim da tarde espero-vos de nada em mão, simplesmente com o convite que juntamente vos envio para que sejas tratado não com requinte mas como requinte. Sem mais de momento e atenciosamente,
Vazio
”
MANIFESTO DO TU
Em trintões de palavras rasuradas nas linhas paralelas ao inógnito, descrevo em pontos essenciais a história que multiplica a arte do castanho.
Ponto primeiro: nunca Tu.
Ponto segundo: se nunca Tu, talvez ele.
Ponto terceiro e último antes do quarto, que desce em ventanias sociais que exploram risos simétricos à hipocrisia salteadora de mentes descobertas por si próprias mas que alienadas profetizam falhas absurdas: se nem Tu nem ele quem mais do que…
Ponto quarto: Eu, de nome Vazio, tratado por Senhor, acastanhado a olho nu, num cavalo de cenoura crua e azul que satisfaz a sede de saborear o simples pavor de répteis corcundas.
Em triliões de palavras, lá estão, mosquitos moribundos, afundados na podridão angélica, cheirando e sentindo o acostumar de valores periféricos a um só motivo, que anteriormente, foi conquistado. Motivo? Já não…Nada, agora é nada. Os meus guerreiros que o digam, melhor, que se mostrem.
Enganem-se os periféricos olhares das montras que patrulham os nossos campos de visão… esguios de pestanas mal formadas, controlam o público, jogadores de ténis e bolas no sitio que protagonizam ideias de filmes fictícios, são realizadores, mais pseudo qualquer coisa, que diplomas mostram para uma altura terem, apenas que seja um milímetro… Matemática que te fodas!!! Milímetro… se mais um, és grandioso, se menos um, grandiosos podres são ou serão.
No rematar de um lado para o outro, o tempo pára, tudo fica no mesmo lugar e a cor, essa cor, acastanha-se por comodidade. Comodidade torna-se lei e é imposta como regra fundamental e inquestionável. Lei transforma-se em arrepio que destrói a coluna mental do vazio, do borrego e do flamingo. O arrepio por sua vez, lembra a sugestão de biliões, triliões de guerreiros a mando do Sr. Vazio, que não perde um único momento. Não é omnipresente, não é um Deus…
Na mala, comprada por vinte e dois cêntimos, o desfigurar de mudos chatos e surdos lentos perdem-se no encontro de lenços, caixinhas mágicas, pensos, dinheiro difícil e mais e mais pestanas. “Pede um desejo” – gritam energicamente enquanto engolem cuspo arrepiado numa cozinha de cama estrelar e de arrastos prolongados por questões de cachecóis amarelados. Confrontam-se os dentes. O amarelo é a moda. A moda é o amarelo. A música está nos olhos, o click do isqueiro faz com que te venhas sem qualquer propósito ontológico ou mesmo fundamentalista. No fundo e uma vez mais na tona, a sucessão de coisas torna o Sr. Vazio questionável perante o que vocês lêem e vêem e quando assim é, perante palavras que hoje são repudiadas por sociedades, não sociedade, ele grita a plenos testículos hormonais: “Fodei-vos… por favor.” Por favor, pois a educação é o principio de toda uma sucessão putrefacta u mesmo pura. A tinta é que mente…(!!!)
A MENTIRA DA TINTA ( COMO MANIFESTO OU COMO COMO)
Uma torrada amarela pergunta a sequela do correr a um sistema intencional de questões relacionadas com a merda da idealização da entrega solar (como solas), ao nada. A resposta é a mesma. Os guerreiros de bocas, como sabemos, tornaram fácil essa resposta: “…”!!!
Pornograficamente, ler o jornal do dia anterior é o mesmo que o ler agora, mas a questão de ler o jornal de amanhã é o que revemos neste preciso momento. O senhor Vazio é um mestre. Tratemo-lo assim. Ele gosta, ele quer, ele manda. Obediência, lembram-se?
Na pincelada que custa a reparar, o branco, suposto branco, chora de impotência, aquando da transformação de uma volta do “se calhar”. “Sete torradas para a mesa número setenta e três mil.”. A que soa o Inferno? A que sabe o céu? Ambos castanhos, mesmo cenário, mesmas questões, tudo diferente. “Sem manteiga!”, com livros de bolso e fósforos de Macau, de quinas e duques na manga e um ás na testa repleta de mordidas de mosquitos moribundos irreflectidos, que zombam a colocação de notas, de colcheias num azedume de ambientes controlados outrora pelo nada. Ultimato é uma palavra-chave mas só a chave, mesmo que surreal, entrega a portada inteligente de uma cerveja convincente, a um enorme porte de merda chamado Sr. Qualquer Coisa. Sr. Vazio vs Sr. Qualquer Coisa. Não perca. Em exibição num cenário antes criado.
Receber o petróleo longínquo da imensidão solar laranja, fina e redonda é a coroação do querer e do poder ter querido. Diferente mas com a mesma finalidade. A sucessão acontece. Cair numa cratera serão mesmo que cair na podridão gasta de uma cor também gasta, que pensa ela ser amarela quando não passa de castanha. Mudar o cenário? Na universidade da Introdução, aprende-se que a partir daí o mentor da mentira não será quem a utiliza mas sim a ferramenta, talvez a finalidade, para sempre a cor. A maior mentira do mundo não é a falta da verdade, é simplesmente a verdade.
No escorpião da terra, a tartaruga consumidora ultrapassa a simples formiga, por respeito, delicadeza e fósforos queimados. O cheiro de um queimado é quase sobrenatural na tentativa inultrapassável de melodias autónomas. Destas razões os palitos cenouras azuis, uma vez mais acastanham-se, por referência ao bico alarmante de um simples lápis. A promessa do agrafar contrariedades, tornam-se em estudos literários que por sua vez, criam, relaxadas e surpreendentes taxas de mortalidade, de baixas corpulentas e chaves esqueléticas.
De novo entram os mosquitos moribundos… queimam, picam e só um seio, mulher ou não mas de preferência, automatizam o redor do cenário. O Sr. Vazio, por sua vez, descontente, muda um estado de espírito para patamares absurdos, impossíveis de alcançar por tretas terrestres mas… acastanhadas. O manifesto da Tinta, é distribuído por ardinas, aspirantes a pegadas luares que sabem eles, ai se sabem, que a inóspita crueldade de uma folha é o relançar de novos desafios.
Num cenário castanho, num equilíbrio angelical, passo a passo, numa velocidade que nem físicas e mundos se acostumam por cobardes nos chamarmos, o seu peluche, inequivocamente, é a sua maior arma…
Punhos arrogantes. Cicatrizes viciadas. Rostos caídos. Cabelos feios. Reluzir a idade do gelo, para um pressuposto altamente viciado na história do voltar ou não voltar, torna-se na sua maior aventura. Ultrapassa mesmo aquela em que tropeça na calçada embebida de carcaças que outrora sorriram, amarelaram a esquizofrénica questão do querer ser.
Corpo esquelético. Saco de ossos, ousaram chamar-lhe. Decadente amassado e pressionado pelas cenouras azuis. De pijama… Com carneirinhos embutidos e não sei quantos mais “inhos” vadios, lá perdidos naquele tecido de guerra e de paz, de amor e ódio, de claros e escuros… De soluções contraditórias e requintadas para os esfomeados dos anagramas abutres.
Solvido o odor do alcance, perdura no tempo a coragem desleal que assumiu contornos históricos, envolvida na traição capital. E que traição! Transportado por pernas extensas e de longo pudor, responsável e maduro, treme enquanto caminha segurando a alternativa de mais um cenário acastanhado. Cada dedo, cada unha, cada pensamento, imaginado, dissolve-se na lama que criou para mais tarde reluzir no comprimento da sua viagem. Atormentado por passados e presentes, busca não o futuro, mas sim, uma possibilidade. A possibilidade de ter um. Acostuma-se nas fileiras, com impressos macabros, preenchidos com protocolos ao mais alto nível (!?), bocejando a morcegos madrugadores, com palito no bolso e mascando uma qualquer frase feita. Descasca uma cenoura sem cor, espalha e destila lágrimas açucaradas, preenche-as de músicas e melodias seculares, renova uma vida inteira, vende palavrões, troca insultos risonhos e exploráveis, conversa com a morte, faz chantagem com a própria vida e com a vida de quem ao seu lado está e… espera. Um vezes zero é igual a zero.
Está frio. O gelo não derrete, é o pressuposto da sua espera. Momento em que é traído! “De momento não nos é possível satisfazer o seu pedido. Tente mais tarde. Obrigado.” Pede… pede que não seja um pedido, esclarece a deuses e deusas que nunca ouviu falar, escarnece de seus ouvidos e decide mais cedo lá voltar, para que tarde seja. E agradece. Pressuposto de infância (Infantilidade).
O Sr. Vazio, rei do reino dos reinos, paragem de caravanas suadas e sumarentas de ideias dos deuses que não adoram nem tão pouco conhecem, figura triste. Face melancólica, em contraste com o estereótipo criado e cuidado ao longo de séculos. Alonga-se nas memórias de suas conquistas roídas por imaginações que outrora pensara ser o futuro. Repousa na imensidão de um odor celular, de núcleos que apoiam doenças do riso e afins. O seu corpo chama o que em tempos chamava por ele, o seu corpo ri-se descontroladamente de sua mente e vice-versa. Não há regras, não há excepções, não há cenouras azuis, nem sequer um pijama para despir.
Fumaça é o seu presente, e enquanto a expira, desenha fogueiras de escravidão sensual e doseada em pequenas latas de cores amuadas e sem vícios no ar, no seu ar. (Mosquitos moribundos o cercam, quais abutres esfomeados!) Pestaneja por pensamento, respira por favor à vida e assoa a transpiração nos papiros do poder. Perde um a um, enquanto o vinagre de seu estado destrói o calculismo da sua governação. (Mosquitos moribundos o cercam!) O túmulo de suas mágoas foi aberto por escritores fedorentos e seus escrúpulos, sem receio de prejuízos para o utilizado. Novos leitores virão, sem nunca, por completo, conhecer as dádivas do Sr. Vazio.
A cadeira de três pernas em que se apoia, venera-o… de facto, é a sua maior aliada, conselheira e amiga de sempre. Mas nem ela aguenta todo aquele peso. Num reino de cenários castanhos, o incolor quer entrar. O incolor, neste reino, estipulado pelo Sr. Vazio, pode muito bem ser uma outra cor. As cenouras azuis revoltam-se. É preciso ter cuidado. Semear o vazio e não colher seus frutos é arriscado para um qualquer. Semear um vazio e não o ser é arriscado até para um rei. O nada revolta-se.
Sempre sem à vista, se houvesse seria castanho e castanha, os pontiagudos excertos de carruagens blindadas pelos gritos exaustivos de gafanhotos preguiçosos procuram relembrar-se do seu Rei. O maiúsculo é a aparente e sombrio mas destina-se a ser religiosamente tal e qual como é, por ordem magnânima deste mesmo Rei. Ousar tratá-lo de forma diferente é futuramente pertencer a uma classe servida como requinte, assim como outro, que habita nos livros de conquista mental pousados nos cabelos longos e repletos de vazios para outros lá encaixar.
Vazio é o que não falta ao Sr. Vazio. Disso não podem acusá-lo. Aliás, acusá-lo de algo, é marcar um fim na sua tão preenchida agenda. É, nitidamente e sem qualquer apelo, encaixar-se por debaixo das monstruosas carruagens, que para além de pontiagudos excertos, regozijam com tanto sofrimento provável.
Em tempos, não muito longínquos, o Sr. Vazio caminhava entre lugares… hoje, caminha na exactidão milimétrica do seu reino. Aprova, e o contrário faz, colocando-se em desacordo apenas consigo próprio. Quantas vezes já ele pensou em elaborar um plano para se apanhar a ele próprio?
OPERAÇÃO VAZIO (A apanha dos vazios)
Requisição de material.
Sr. Vazio.
-1 Cicatriz
-2 Olhos
-1 Daquelas coisas avermelhadas por onde dito as leis em meu reino e futuramente em outros
-1 Carruagem desfeita (sem deuses)
-1 Mapa perdido com tesouros encontrados
- 7762 Guerreiros trespassados
-2 Cenouras azuis
-1 Pijama
-1 Manifesto
-1 Alicate
-1 Orelha
-já!
De ratos em ratos, maestros de novidades absolutas, enfrascam-se os aliados do Sr. Vazio. Ratos, estes, fugidos de um qualquer porão enérgico, pelo menos o suficiente para os expulsar… O Rei permite que suas tretas e palavreados naveguem no seu reino. Mas têm hora marcada para esse fim. No absurdo da ideia, eles entendem pois remédio não podem ter. De pernas para que te quero, ressonam os afamados aliados… nada fazem, nada dizem…respiram… Utilizam e gastam um ar que outrora custou cenouras e cenouras a conquistar… já para não falar de suores traquinas que regozijam com os transpirares musicais das valsas putrefactas que abundam por entre dedos riscados de tinta manifestada como ideal!
Na batuta de um, prolonga-se a imaginação de um piano incandescente que sobrevive a uma teoria esmagadoramente ilícita e impossível para um sonho. Só num pesadelo e em breves espaços, se tudo correr mal, é que essa mesma teoria poderá causar um mínimo de impacto. Nas suas melodias, dançam os rumores e os boatos. Nas suas cordas, espelham-se as doutrinas que gritam com os protestantes de ranchos académicos e sedutores até mesmo para gravatas longas e longínquas. Nas suas caudas, arrastam-se ouvidos, outrora perfeitos, outrora divinamente apoteóticos! Milhares e milhares de situações passavam de sentadas para de pé… milhares e milhares descruzavam pernas e braços passando desse estado frio ou morno para um sublime estado de rigidez vertical em que o movimento de juntar mãos, separá-las e juntá-las outra vez era a chave do entusiasmo, era a chave do ser ou…não… agora, não é importante. Não existe esse momento.
Por vezes e com muita atenção, conseguimos vê-lo. O piano. Gasto. Podre. Manco. Desafinado… É a definição da aliança. O Sr. Vazio, numa loucura momentânea, quis ajudar! Mas é ele um bom samaritano ou um vilão? Mas é ele tudo ou nada? Pois…melodias rasuradas nas entrelinhas de sua vida, das suas conquistas, vestem-se a preceito para o trair. Com pijamas azuis e cenouras incolores, trepam o castelo com ideias bem definidas. Guerreiros subornados, mais de três mil olhos fechados e uma boca sedutora compõem um inicio do fim. Por palitos colados a pernas esqueléticas e por cordas de cabelos brancos e cinzentos escalam não o que é mas o que foi. Poderá ser esse o erro, poderá essa ser a única forma de não alcançarem o que pretendem.
Num projecto designado por essas mesmas melodias tudo se encaixa na perfeição. Mas esquecem-se da força do nada. Da força que só Sr. Vazio possuí e alimenta consecutivamente todos os dias. Esquecem-se do castanho e da terra, do acastanhado e… da terra. No reino melancólico e chefiado dignamente pelo vilão, merda alguma o faz sofrer… a não ser que ele assim o deseje.
Estar perante uma traição é o governar mosquitos moribundos que cercam e mastigam construções imponentes, de palitos flamejantes e flamingos carnívoros, rotos por cenouras azuis bem afiadas. Juntamente com seus guerreiros famintos e vestido com o seu pijama de manifesto tântrico, rói a água e a terra, a imaginação e tudo o que ouve e o liga a essa aliança. Neste momento, sabe que nem tudo voltou a ser castanho, que impede a traição apenas por instantes à distância de um sopro… o último sopro do piano, que lhe pergunta com o desafino característico: “Quem é o rato agora?”. O Sr. Vazio muda a fechadura.
Pesam… e de que forma. Lidar com o tempo que passa é desafio lógico mesmo para o Sr. Vazio. Na mesma maré onde cenouras se afundam, onde bocados de pijamas veneram a ilídica terra acastanhada, lágrimas que passam por suas cicatrizes caem como granadas mentais num chão mau, húmido e que escarnece do que lá passa. Muitas vezes, roubadas, outras, tiradas de um colo faminto que rejuvenesce perante sedutoras obras melancólicas que abundam fortemente em lençóis de açúcar oleado.
Sem dono se tornam mas não é o mesmo que serem livres. Autorização de enclaves, domínios, grupos, pretendentes, simpatizantes, estúpidos, ignorantes, intelectuais e guerreiros de pijamas emprestados por estrelas cadentes que não mais existem é necessária. É obrigatória.
O piar de um ornamento relaxado, numa parte relaxada, num local acastanhado e também relaxado ouve-se descontroladamente no reino. A atenção numa qualquer outra cor, refugia-se na cabeça de cada um, o tremor remete sua força nos membros que encontra e aquela árvore ali, sim aquela, entrelaça o desejo da reunião entre um senso comum, as lágrimas e o pesar. Não! E o peso… cabelos esticados, carteira lógica na mão, sensações no dedo grande do pé, com unhas negras e sujas de tanto limpar, entre bugigangas e pestanas fervorosas, entre casas de altitude e dores de garganta, na gravata sedosa e nojenta o Sr. Vazio se encontra. Desenhos e pinturas apressadas por comerciantes desligados de um qualquer suor ou mesmo transpiro voam por entre suas armas. Chamam-no mas ele não ouve. Insultam-no mas ele não responde. Empurram-no mas ele não cai. Queimam-no mas ele não sente. Fitam-no mas ele não olha. Lançam-lhe poemas e navegantes mosquitos de terras que ainda não existem e ele nem suspira. Em todo o reino o ar é roubado. Em todo o reino, lágrimas e ar não existem. Mas ele respira…
Agora, pestanas moribundas. Agora, casas pequenas. Guerreiros afamados e o seu pijama… sem “inhos”. Os desenhos e pinturas apressadas matam-no. Mas ele não morre.
Em redor se enroscou… na traição falhada. Nessa memória recolhe os frutos de noites passadas a colher provas que não vão existir. Frutos podres, sem qualquer aproveitamento, com os velhos mosquitos de barba longa e bengala armada até ao chão que anseia pela novidade do duelo, que paira e paira até um caçador esfomeado e pintado por regozijos esqueléticos se decidir pela hora de um disparo enérgico, forte, sedutor. E acontece. Mas sem surpresas, estava esclarecido que assim seria.
Na mágica luz do empreender, dicionários e conceitos de palavras socialmente correctas mostram-se como alternativa aos povos visitantes. É dia de mostrar do que é feito. É dia e noite. É uma noite onde as masmorras delineadas com merda de província se junta à urbana, onde se constrói um ideal comum para olhos verem e se apaziguarem perante noctívagos celestes, perante a imensidão de um não-livro, rasgado de uma ponta à outra, quase quase dois e não um só. É noite de espera. É noite de alcançar a iluminação perfeita, seja lá o que isso for. Mas não é importante. Aliás, repara-se nitidamente que só o nada é importante. O resto, o redor, é relativo… tão relativo, que mesmo as cartas se separam dos selos, que mesmo os selos se lambem a si próprios como austera religião, como paixão fanática mas insignificante. Só na tampa da caneta que escreve no caderno preto, perante piscares de formigas resolutas, perante formigueiros inacabados é que ainda moram algumas duvidas…
Os guerreiros para lá são encaminhados. Há que mantê-los activos. Não será tarefa fácil… calcar e calcar nunca o foi. Calcar e calcar causa baixas significativas num exercito de pés de carroça principalmente quando não estão devidamente alimentados na questão de se auto transportarem. Caminhar lado a lado e sorrir, caminhar lado a lado e desfazer-se em pó é muito fácil num reino acastanhado onde o nada impera, onde o Rei, o Sr. Vazio, novos vazios procura. No entanto, calcar e calcar, seduz a transparência de um novo conceito, muito estranho para o Rei quanto mais para os guerreiros de cicatrizes impares. É estranho, mesmo acontecendo em formigueiros pré-programados para se rebaixarem perante uma qualquer rebaixa que possam sofrer. É estranho e o Sr. Vazio, na sua inteligência vilã, apercebe-se do que formado está a ser. Um ritual que perdura no tempo, um ritual simétrico e controlado, onírico é certo, mas causador de insectos que se mexem a velocidades estonteantes, primitivas mas ainda com acelerações dignas da maior potência tecnológica inventada ou não. Um ritual que já estava previsto. Um Rei, mesmo cego, não sendo o caso, consegue fazê-lo.
O Sr. Vazio alimenta-se agora desta nova artimanha secular, digna da mais dura batalha alguma vez escrita e relatada. Historiadores, escritores, adivinhos e crentes, cenouras incolores e palitos perdidos, pestanas moribundas e guerreiros acamados em palha luar aproximam-se do campo onde a maior e a mais sangrenta batalha terá lugar.
Neste reino, o nada perdura. Neste desafio, o derrube comanda e escreve os livros como bem entende. O confronto é inevitável.
Preparam-se, ultimam-se os convites, os moribundos lavam a louça e escarnecem dos pratos que mais sujos estão. O feminino torna-se mito e o palavreado aguça-se na prontidão das armas rebeldes que se babam por entre muralhas manchadas. Soltam-se bandeiras castanhas nos arredores e nas proximidades de antigos guerreiros que heróis seriam se assim pudessem ser chamados, se mais que um pudesse haver. As carruagens atropelam-se de propósito, só uma vai sobrar… Será a digna e a aclamada carruagem de um qualquer Deus que lá se transportou que o Rei irá navegar até ao campo. A lama é sugada por aspirantes a mosquitos de espada em punho arrogante, de luvas brancas ainda por estrear e de ferraduras alucinantes que derivam no interior cerrado de suas almas.
Num lenço conquista-se um espirro, espirro esse que dará o sinal de inicio, o sinal de prontidão e de…”é agora!”. Escoltado por flamingos de pijamas voadores, o lenço se dobra e escolhe a rota como bem entende. A seguir ao Sr. Vazio, é quem mais poder tem. Um dia, ultrapassada esta batalha será ele o causador de mais uma. O consecutivo é o que nunca trai!
Pedintes, também eles outrora guerreiros aclamados por seus pares, reivindicam um lugar na lama já não existente. Apercebem-se, e reclamam… Num único momento, na passagem do ponteiro para um outro segundo, desaparecem sem deixar rasto. São agora combustível para calar, são vendas, são espetos no coração de quem igual pensa fazer. Pormenores descalços sentam-se nas linhas tortas do reino, abancam e esperam, de cigarro morto nas mãos e olhos vivos nos ouvidos declamando escritos rasurados por atiradores de favas minorcas.
Roendo e mastigando, sem nervosismo, como se o fizesse há séculos, o caderno preto afasta-se, cospe e regula a sua própria data de investimento politico. Será a sua demagogia que curará toda a infortuna pós-guerra. Ele sabe isso melhor que ninguém.
O momento está a chegar… o lenço amarrota-se com cada vez mais facilidade. O espirro quase cai. Não há nuvens, mas chove. Não há ainda heróis mas esperam por eles. Não… não… por ele. Nos milhares e milhares de guerreiros abunda a confiança… abunda a exactidão de suas esperanças… não porque o desejam mas porque conhecem de perto o castigo da incompetência e sabem que disso serão lembrados para sempre. O Sr. Vazio de cenoura azul na mão, sorri e suspira… Range os dentes podres e mostra-se desiludido (é a táctica dele). Em diálogo com o nada, esgrime vontade que comece a badalada batalha entre formigueiros calcados.
No entanto, o piscador de olho ainda não chegou…
Na misteriosa enxaqueca que globalmente se encontra no pudor de cartas horizontais, rasga-se a incontrolável dor de se baralhar as ideias esquisitas de planos verdes e reluzentes. É um catálogo de emoções ligeiras com fins altamente lucrativos para formigas verticais. Aliás, a mistura de expressões é a única forma de definir este tipo. Parentes próximos dos originais, rebolam quando assim lhes mandam e mostram sua craveira técnica aliada a uma obediência estranha, peculiar demais para esvoaçarem em colos de andorinhas cagadoras e mutiladas pelos ventos do norte e sul.
Na melhor definição possível para tais planos verdes e reluzentes, encontra-se a valsa de um simples passado, procurado no presente por esquiços que teimam em não brilhar. A teimosia impera como defeito, sendo que no inicio era aclamada em palcos sedosos e longínquos como uma qualidade. O paradoxo ajuda… freneticamente, patos perdidos devido à sombra dos flamingos de uma só pata, enfiam suas cabeças na areia mórbida e decadente perante tal empatia com a valsa. Teme-se que a vergonha chegue a qualquer momento, em lassidões azuis com pintas amarelas, carregando escrúpulos de assassinos e ladroes, de crianças e idosos.
As cartas, endereçadas ao fanatismo de um piano mudo, ainda se encontram na horizontal. Dificilmente de lá sairão, sob pena de se esquecerem do que escrito têm. O que grave seria, pois na busca incessante de um marco, dois podem surgir… seria a confusão, seria uma bomba achocolatada nas entrelinhas de uma coluna comestível com cuecas de barba roxa, seria o navegar no betão do horizonte perguntando onde se encontra o círculo amarelo… Seria o não ser formiga mas uma roda de círculo quadrado.
Pesquisar ponto a ponto é mais uma ajuda inteiramente falsa que é comida pelos ratos do porão mental. A particularização de tal meta é o ridículo, o absurdo da incompreensão entre dedos e unhas, entre pêlos castanhos com bocados de cenoura entrelaçados. Rompem-se tabus e eliminam-se clichés fumadores, escreve-se nas pedras da calçada e tropeça-se incessantemente na esperança de se lembrar algo. Ou esquecer…
Olhos piscados olham.
Bossas cristalinas com as pintas amarelas gozam num infinito tal, que a lua roxa premeia desgraçados e afins. De gravata em punho fazem frente a guerreiros destemidos, treinados desde que existem para situações destas. A experiência é a cama, é o leito de todos os dias ou todas as noites. A fervura é a mesa onde discutem melancolicamente quem come e quem vê o quê. A agressividade é os pijamas de ovelhas angelicais que rezam a vacas desmedidas nos pastos da competência e da afirmação heróica. O facto de pertencerem ao nada é apenas isso, pertencem ao nada governa o brilhantemente pelo maior Vazio de todos os tempos, de todas as origens…
Gravatas que serão cortadas, rasgadas e seguidamente expostas para chamar o medo. Gratuitamente, de forma descomplexada, originando clavículas de discos rasurados e partidos, extensões de marés agudas e estonteantes, segurando, transportando “més” que fugiram de pijamas. Para lá voltarão. De palito espetado na nuca, de cigarro no sobrolho, de unhas nos cabelos e de tinta nos lábios, lá voltarão, imaginando não a vida mas a não vida. No fundo… num sonho. Na tona… o ideal.
A preocupação ficou em casa. Não necessita intervir neste momento. Sabe a quem os guerreiros pertencem. Sabem claramente do que são capazes. E caso, num súbito descontrolo impossível, seja necessária, em casa continua. Se não atormenta os guerreiros, atormentar o Sr. Vazio não faz parte dos seus planos. Que o diga a formiga, que mascarada de flamingo de uma só pata entregou a verticalidade de um denominado pseudo qualquer coisa em carrossel divino, em passagem por um reino que nem Deus se atreve a passar sem prévio consentimento… não, não o diz… não pode. Encontra-se debaixo das pintas amarelas, sofrendo por um contacto irrisório e comestível, sofrendo por uma questão amarela e sem frutos, tão pouco podres. Também de palito na nuca, onde valsas enquanto espera uma transferência de local, uma transferência de imagem, enquanto espera uma cenoura azul ou mesmo a preocupação. Será para breve, ou nas cláusulas de dor ou até mesmo de regozijo e alegria pura, o limite temporal questiona-se a si próprio? Imaturidade fechada a sete mil chaves ou portas abertas numa duvida eternamente febril, independentemente das bossas?
Formiga, aqui culpam-se os mensageiros!
A escusa de uma perda significativa exemplar para desmistificar contínuos de escritos elaborados e cansativos, arrepiados por bravas conquistas, é inocente, por completo. Desagradar o próximo ponto de tal escusa permeia nas ensanguentadas calças dos assassinos de nariz vermelho. Auto intitulam-se de palhaços para à sua mercê, mais tarde ou mais cedo, reencontrarem páginas de escritos desencontrados pelas cenouras ambulantes, que tentam, a todo o custo escondê-las.
Uma bola vermelha como inquisição e sedativo honroso, escalado pelas formigas tontas que a delineiam conforme suas alucinações sentam-se lado a lado para mostrarem que tudo está bem, que pertencem ao mesmo e que não haverá tempestade alguma de palitos torneados e bronzeados que os demova. Falsos! Mentirosos!
A hipocrisia, de soslaio olha, com atitudes bem programadas e planeadas décadas antes. Como é possível algo falhar quando num avanço outro algo se encontra? Como é possível uma bola vermelha, alaranjar-se, tornar um pôr num nascer, uma morte numa vida? Sorrir, engavetar promessas com picos de loucura, soterrar ideias e colorir os flamingos viajantes com suas caixas ambulantes de melodia estranha e frenética, movida a merda mental é a missão, o controlo de um estado, de uma filosofia, de um vértice calmo e inspirador. Pena que, seja a hipocrisia que faça cumprir essa missão!
Aliada sensual, misteriosa e atenta é a mentira… De enxada na mão rebola por entre os prados acastanhados, sem folia e sem pressa, só com paciência. Desinibida solta o gás da vaidade por entre o folhear de artérias forradas por conquistas enigmáticas e melosas no expoente máximo da consagração como porta e rabisco da missão. Navega no oleado de um tripé estacionado com pergaminhos de autenticidade, mas que com o tempo sonâmbulo, se auto destrói, desfaz-se como a cenoura azul de um roedor experiente e atípico do roxo. Num dos pés, a miséria com que se fala, num outro, o desrespeito e por fim, no último pé, a segurança… cair não ajuda muito, pois não?
A ansiedade pesquisa os momentos vindouros, na estrada das virtudes e das sensações estranhas à vivência coloquial de extremos que não se tocam nunca. Assoa-se nos terrestres panos castanhos por ondas definidas e exactamente alienadas. Defuntos organizam-se e lançam relativismos pelo ar que respiram, molhados, suados em organismos pertencentes a um passado não muito longínquo e escrevem horizontalmente na relação de uma masmorra ideal.
No confronto sempre acastanhado, uma vez mais, a luta persiste, olhando e escutando a melodia que teima em estar presente. Que teima em dirigir e não ser dirigida, uma orquestra de violoncelos mexicanos, que se mudam constantemente com as suas bagagens carregadas de cicatrizes. Param em estações temporárias, de sorriso largo, aliviam-se de notas pesadas e na imensidão de uma sessão esclarecida por mosquitos moribundos mostram e exibem sua arte, calada e calcada… numa calcada com cedilha.
Em compassos extremos, ferrinhos de imaginação cruzam-se com pegadas históricas e sublimes na conjunção de dois ou mais cigarros… o seu fumo esclarece vitórias e derrotas sempre de imparcialidade como bandeira. Um dia, num momento não mágico, a ansiedade se cobrirá com essa mesma bandeira e a religião do querer será também ela uma forma de arte. Nos filtros, alucinado está a clareza de pudores que permitirá essa imagem colar-se nos olhares, não só de guerreiros malcriados, sonolentos e sujos, mas também em pestanas desconhecidas e maravilhosamente atentas. O aproveitamento ressalva lugares e ideias, transporta questões e… mente quando sabe que isso vai resultar. Por isso é maravilhoso. Mau? A importância disso nem sequer ao microscópio se vê, quanto mais lembrarmo-nos dela.
Pimentos multicolores picam a ansiedade enquanto as cenouras azuis caem lá de cima, de um céu acastanhado… chove… e não é pouco. No entanto, molhados, apenas os defuntos que reparam em tudo o resto que corre tropeçando para a masmorra. Como aproveitar isto, ainda mais quando o Rei dorme, sim, de olhos fechados…
Tentou, sem limites estabelecidos, rasurar a implacável melancolia que absorvia o seu reino. Por entre lágrimas crepusculares os soldados se escondiam… sem medos, sem destinos, a não ser o inicial, esse, ainda bem definido e presente.
Tentou, absorvido em momentos adúlteros, controlar a tristeza que se sobrepunha nas escadas e patamares rolantes existentes nos casarios de seu reino que ele próprio esboçara, enquanto o ruído de tremores carnais o faziam recuar perante extraordinárias melodias. Nesse confronto, ruído contra melodia, havia imaginação suficiente para sumos de cenoura existirem.
Tentou, de pincel em punho, construir o plano que iria absorver toda essa melancolia, perante o olhar atento e controlado dos seus súbditos, rendidos à inexplicável tentação de simplesmente… tentar.
Tentou, conseguir…
Tentou, em carruagens abandonadas pelos mestres de outra época, pelos deuses em que não acreditam, deslocar-se para ali e para acolá, para a nuvem número treze ou para a arvore número setecentos.
Tentou, por intermédio de mosquitos mercenários, destruir raízes inexplicavelmente fúteis e sem razão de existirem. Mosquitos esses, comprados com promessas perdidas, promessas que anteriormente figuravam como principio maior da cabeça a quem pertencia. Mosquitos esses, moribundos… e cada vez mais.
Tentou, de olhos fechados…
Tentou, de olhos abertos…
Tentou, mascarado de uma qualquer coisa que encontrara na mala castanha escondida na podridão de sua cama que reflectia nos horizontes temporais e espaciais de uma mente habituada a mostrar-se sem pudor, sem receio… Declínio total, subjugado, alienado, perplexo, concentrado (demais) e de calos nos olhos retirou a máscara mesmo antes de conseguir dizer o seu nome, chorou e suas lágrimas apanhou. Guardou-as num saco acastanhado de fio azul com cascas de cenoura para mais tarde lançar a uma gota de um qualquer oceano que gritará, sem sentido algum, implacavelmente.
Tentou, estudar planos macabros que encontrara num alheio desnaturado, sem riscas, sem merdas autónomas. Para quê? Para que se pudesse basear em princípios e valores que não os seus, de forma a aprender, a elucidar-se de como tudo se mexe e se comporta. Talvez assim conseguiria…
Tentou, mas o Sr. Vazio não conseguiu.
O piano morto e desaparecido, com uma só tecla, entrelaçado na escuridão de um pensamento comunga de um escrito verdadeiro que passa qual novela, nos carrosséis das cabeças dos guerreiros, agora melancólicos. A verdade, é verdade, não é fácil de aguentar e isso nota-se ainda antes do nascer da estrela, pois alguns milhares já se despediram do ar que obedece. No escrito está escrito e sem melodia, desta vez.
Batalhas interrompidas, algumas antes de se iniciarem, estão agora rodeadas de abutres com dentaduras roubadas em locais que já não existem. Querem-nas para rir e rir e voltar a rir de entusiasmo carregado de musgo alaranjado que pernoita em estalagens frias, gélidas… Trespassa odores e ideias como a lança que pica a inesgotável vontade do Sr. Vazio, quando posto à prova é. Quando relança o começo, o Sr. Vazio perde como nunca antes tinha acontecido. Coloca mangueiras de rios longínquos ligados a mares oriundos de planetas sociais e socialmente correctos para que um entendimento haja, na pior das hipóteses, para que se possa inserir. Engano profundo e fundo que nem à tona reflecte a imensidão de um plano quase que maquiavélico e paranóico. Teorias de conspiração e relaxamentos hormonais aliados a climas robustos e quentes que soltam gases fundidos com alianças estratégicas num povo já mentalizado, numa casinha com esqueletos de gerações que nada nem ninguém se recorda… Juntando e aglomerando mitos urbanos que passeiam nas províncias catastróficas de furacões em forma de saia e maquilhados a preceito para se vangloriarem de proezas analfabetas, tropeçam voluntariamente em ocasiões fornecidas pelos seus pares, estes mascarados e infiltrados na luz esclarecida de profetas que não utilizam os trabalhos, mas sim palavras e actos que servem somente para eliminar esses mesmos trabalhos. As palavras não são fortes quando sozinhas estão. A palavra sim.
A inocência e a verdade, apregoada desde que os bichos são bichos é a utopia que calçamos quando nascemos, que o diga o Sr. Vazio, Rei dos Reis, Senhor do Castanho e do Acastanhado, que de cenoura em punho e cicatriz como olho não provou, mas bebeu todo esse veneno… Sim, tamanho único.
Xiuuuuuu, pouco barulho…
Pum! Pum! Foguetes de misericórdia distorcem as faces esqueléticas de navegadores nus e desfraldados nas expectativas que lhes foram criadas por cenouras magnânimas e sedutoras. De rompante acrescentaram sua presença nas já conturbadas marés intelectuais que iam sendo desbravadas nas encostas superficiais dos porta-moedas desses navegadores.
Alienações profundas, na ponta do icebergue revoltaram-se as memórias de melodias que encheram oceanos inteiros, queimados por águas e porcarias doces, muito doces. Não existe um destino se a caixa “daquela” não for aberta imediatamente após a primeira e última trinca triste da imaginação criativa e por vezes absurda da chave que abre portas mas que nunca as fecha. A fechadura foi induzida em erro por um outro erro, esse sim, com destino já programado há muito tempo pelas revistas cor-de-rosa com olhos afiados e críticos, longe, muito longe dos noticiários moribundos propostos pelas aparas de uma saca que carrega restos de ideias e pior, de ideais, outrora formados linearmente e de uma sensualidade escandalosa para qualquer tempo ou espaço.
Não é de estranhar, que entre teclas, uma cenoura divulgue mortes que ocorrem quando a vida se queixa ao microfone da reputação celestial e idónea da juventude que descalça caminha, nos espirros brilhantes de rasgos adulterados por metas cravadas nos ouvidos impuros do Sr.Vazio… Ele volta, ele sempre aparece quando necessita e até mesmo quando não necessita. A necessidade, como depreende, é um luxo!
Mais aparas, voam nas entrelinhas roxas das cascas da cenoura azul, que teima em teimar, que teima em insistir e persistir nos ranhos das serpentes que de mal só a cor e forma. Proibido nunca foi sinal ou palavra de ordem, mas também porque razão o seria? Num copito de vinho tinto, fazem-se banquetes para que os navegadores se fartem, para que depois descansem com os pés descalços pousados numa qualquer mesa de um qualquer pé-descalço!!! Pum! Pum!
Isso foi barulho a mais… (mas que se foda)
Nas valsas de um assassino frio e calculista esconde-se a verdade dos povos virgens de assuntos claramente redondos e alterados por unhas roídas… XIU!... é o onomatopaico odor da vingança derretida que atravessa os calcanhares de isqueiros ornamentados por telemóveis de saldo superior a qualquer coisa, que se espalha nas gargantas doridas de umas asas assadas e planeadas maravilhosamente por diabos de ponta curta e alcance longo…
Nas promessas e garantias de bocas fechadas à mosquitada celeste, que rejubilam perante façanhas nunca realizadas, escrito está que a forma mais que possível pousa no cigarro oportuno, no espalha cinzas oportuno, que ela, Desconsolada da Razão, agarra firmemente por entre suas cicatrizes alienadas. Conseguir e compreender o que escrito está é a tarefa de bandeira, é a pega da chávena de chá de um “á” implícito, em catástrofes sedutoras para as tais criaturas de ponta curta. Ainda para mais, quando um espalha cinzas não é fácil de manter agarrado. Teimam e tendem a fugir descontrolados do controlo, descontrolados do suicídio iminente de seus parentes próximos…
XIU!... e continua… o odor revela-se como que esperando uma hora certa, uma hora perfeita onde a cenoura e o flamingo se confundem, onde uma rama verde e um bico também ele celestial se complementam na agonia de uma construção imaginada e inventada por um conjunto de regras abusadoramente relaxadas. XIU!... o onomatopaico exagera, navegando nas linhas faladas em cotovelos marchantes, apoiantes de politicas sem valores e princípios, mas ele sabe…como sabe… só exagerando, terá hipótese nas urnas… só exagerando realça a sua verdadeira importância nos ramos podres e abruptos da social causa a que se entrega. “Estou? Quem?”. Seu filho, seguirá seus passos com mesmo odor. Engano será seu nome. Por Senhor também será tratado.
Por entre um copo de uma bebida sem forças, retiro a dupla sensação do esgotar. Um surrealista rapidamente esgota seus recursos… o Sr.Vazio medita sem exaltações. Hoje, uma noite como outra, como a de ontem, por exemplo, o surrealista foi alvejado quase que de modo mortífero por essa dupla sensação. Mas isso acontece-lhe tantas vezes…
Por entre vocabulários onde nenhum dicionário ou livro alberga, a sua vida é contada com pontos de cicatrizes roxas de tanto suspender as alegrias e verdades. Tic, Tac, seus dedos são sua viatura, seu meio para cinzas cuidar, assoando aspirantes a macacos e resolvendo questões internas, muito pessoais, como a dor das meias do dedo grande. Contada a um sinal prevenido e com uma sensualidade lá de cima do sótão castanho… refrescam-se as escadas enquanto as mensagens são distribuídas e apagadas mas para sempre registadas, pois calcadas e transpiradas por sapatos de moinhos feitos irão ser mais cedo ou mais tarde. O Sr. Vazio medita sem exaltações.
Se um Deus fosse vivo, seria a reincarnação total, degrau a degrau, esporão a esporão passando pelo corrimão em contra-mão no pesado imbróglio da questão. Como estava errado esse inglês… Provavelmente não existirão também dicionários ou livros para albergar tanta “data” como se diz nestes tempos, comandados por tesouras azuis e escarnecidas de liberdade social.
Por entre esperas e relaxamentos, o surrealista encontrou a pena, não a de Bocage, mas a sua própria pena, que quando equiparada à de sua verticalidade, deixa de existir. Há este tipo de actos que fornecem mãos pintadas e rabiscadas de linhas paralelas à dor da tal alegria que acompanha a noite, aquela noite igual à de ontem. No recibo, em que o montante é uma parte do corpo, o Sr. Vazio nada marca, mas as influências do que acontecerá amanhã estão nas entrelinhas. Saber ler não é importante…mas alguma vez foi?
A bebida sem forças discorda e até avisa! O surrealista, nas suas paranóias cruas e frias, tenta entender a solidão de um macaco, mesmo antes de o ser, mesmo antes de ser pescado por atuns de gravata e camisa com riscas cobertas de nódoas arco-íris. Um nariz de palhaço e todos os animais fugiriam do circo (não… o surrealista admite, enquanto o Sr. Vazio medita sem exaltações, que não! Não existe metáfora ou lá o que queiram chamar!). Aliás outros parênteses abrem-se e fecham-se para que se ouça… (não, senhores pseudo-intelectuais, continuem intelectuais.).
Parágrafo.
A gravata, essa, não tem nódoas. É o impecável em gravata. Por entre livros de há dois séculos atrás forma-se uma nuvem em espiral, cinzenta mas não ameaçadora, de grandes dimensões, mas não como a hipocrisia, movendo-se rapidamente mas sendo ultrapassada pelos males materiais. (Só de ler esta merda… mas agora continua-se). Auto intitula-se, assim parece, lê-se na etiqueta xxl, a Transformação do Vazio. O que quer isso dizer? O Sr. Vazio medita sem uma única exaltação.
Na estátua petrificada de transpiração, é relançada a alçada da mosquitada aderente a planos maquiavélicos. “Coitada da estátua”, pensam e dizem a maioria que passa. “Sorte divina”, é a minoria. A razão que assiste os comentários não se atravessa num consciente… nem tão pouco assim parece. Espadachins de rosas brutas, choram de tristeza, calcada nas encostas do ciúme e desejo. Em canecas baptizadas, coloca-se a sabedoria de um bloco de notas, sujo por pontas de cigarros e reclamações nunca vencidas ou até mesmo provadas.
É na prova de um número exacto de alienações que reside o odor melancólico de verdades inoportunas de compartimentos inesquecíveis e sedutores para realizações imaginadas ainda antes de uma melodia ser escolhida. Como cartão de visita, como cartão de entrada, de livre trânsito, surge uma forma estranha a um circulo… não um quadrado, nem um rectângulo contendo toda a informação desnecessária ao entendimento social a que estamos sujeitos. Sobreviver a impulsos construtores, é a abadia mor de um foguete “made in aqui mesmo”. É o grito simplório de um casaco roto e sem espinhas que fere o traseiro de uma viatura febril e inóspita à sabedoria clausuras.
Na agenda do pobre e místico caos, sonhos se prendem, esperando a hora certa, o tempo perfeito, uma vez mais, para a realidade assim ser chamada. O desafio da guitarra iniciará aquando do desafino memorial. Será… porventura.
Anda, anda… corre, corre… tropeça, tropeça… levanta-te e deixa-te estar. Não te mexas, não te mexas. Olha em teu redor e seduz a sedução do fumo sedutor, calça-te mexendo-te, entra em contradição e lê o jornal…. São as noticias de ontem que diziam que serias o agora, bebe o chá frio e aquece-te, entorna calmas e calmarias, relê o jornal, são já as noticias de amanhã… Sua e transpira misericórdias… qual D. Quixote qual quê!? Tu és o Sancho da comichão. Contraria o odor e o pianista se vergará a teus pés! Dança e volta a voltar, parte o papel no peito, marca a tua marca no chão da inutilidade.
(continuação do escrito ao Engano)
No reluzir da história falsa, dormirei qual demónio qual infernal ser, na história verdadeira, dormirei como qual morto qual… morto. Só no toque celestial, enquanto me degusto com papa de bebé, acertarei o pingo da imensidão do corre corre… Seduzirei esperneares de musculosas palavras de tratos redondos e unhas coloridas, pois caminharei nas cenouras banhas azuis que acotovelarei sem descanso comprimido! E no bloco de notas a mensagem surgirá… a lerás, não como notícia, mas como destino…
Tanta guerra, tanta ameaça, tantos destinos,
Rei de reis, Rei de guerreiros manchados,
Desilusão e nova esperança vazios
Tal e qual o Sr. Vazio de cenários castanhos.
O fim de estampa, devaneio… clareza de planeta com errata consciente
Tic Tac!!! É o relógio de pulso das cenouras não-livro que sintoniza a vontade de estar com a podridão existente na rede inóspita de um animal que conjuga as mesmas fezes quase que ordinárias na língua de um predador com cérebro atónito. Revelas pormenores em teclas de instrumentos fundidos como a lâmpada do espaço onde habita, torna-se hábito e tradição secular. É pois, na escuridão, que lembra o porquê de se auto massacrar com mosquitos há muito mortos, ainda por enterrar. Moribundo é, até que não o seja, lógico. No entanto, a lógica não é para aqui chamada, a não ser que… a não ser que não seja lógico.
Tic Tac!!! Os Ponteiros dormem… ressonam mil e uma legendas, para que interpretados sejam, dão e tiram com vontade, tal e qual a vontade de uma folha branca no exacto momento em que decide não o ficar. Não há remédio! Só corda ou energia, que o abalam persistentemente, com cornos de bosta fria e bonacheirona que reluz na tal escuridão. Em cambalhotas espaciais se desdobra com o objectivo de alcançar um novo feito, feito esse que apareça nas revistas cor-de-rosa. A preto escrevem mas o que transmitem não é dessa cor. Risca e Risca e volta a Riscar. Letra maiúscula para que te quero, grita descontroladamente. Alarme!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Percebe-se esse momento. Está feliz… pudera! Nesse momento, até as máquinas pensam, até as pessoas pensam. Uma pedra, uma qualquer pedra é agora um ideal, é uma inteira poltrona de pequenos bichos estonteantes e em festa, completamente embriagados com o sentido fino e clássico do próprio acontecimento.
Aguça-se a inteligência e o analfabetismo de uma casca solta-se qual foguete nos tímpanos mágicos e no pulso dormente do escrivão mor e do escrivão aprendiz, que lê e lê até perceber o que ali faz. É a província da vaidade e do não, não quero.
Pum!!! Pum!!! Não há mais Tic Tac… O alarme parou, sem remédio e sem veneno.
A desconsolação como critério de vida… não… não á história do gato sapato nem tão pouco da varinha mágica com nariz de palhaço. Provavelmente nem uma história é… provavelmente (porra com as probabilidades) nem um segundo a mais poderá existir… a menos, muito menos.
Tecla, tecla, tecla por entre bonecos entroncados de rasuras economicamente moribundas, em cenários risonhos, por vezes, perdidos no lixo entre dedos, perdidos na imensidão da melodia do piano manco, que mal vê, mal ouve mas que se separa no corrimão do conhecimento de causa esplêndida, é assim um factor desta entidade. Os outros factores de cores garridas, lutam entre si para se sobressaírem, querem-se mostrar independentemente da chuva castanha que se ri no horizonte de um verão quente, de um Agosto num ano ponto, num dia ponto…
E assim começa… foi o “era uma vez” desta marginalidade tornada mais que realidade, de dente em dente, de anestesia em anestesia, de cabelos húmidos no vento de cenouras…humm… cor de rosa com pintas azuis, no roçar se sorrisos escondidos pois “auto mostrar-se” delinearia uma futura acção não ainda pronta, o que por sua vez resultaria num pecado escrito e descrito nos evangelhos das naturezas, dos “tem que ser assim”.
Em aspas e raspas, canetas e lápis, em dias ou em minutos, a conclusão navega, passeia-se, vaidosa e confiante de óculos no bolso e carteira na mão, de sobretudo roto e desfigurado planeando um caminho que tritura passos de coragem e passos esqueléticos. De correntes empunho, mastiga a tosse que aparece aquando de uma gota maravilhosamente torneada, que bate e volta a bater nas jangadas de papel de chá preto, escolhendo um vazio, virgem de qualquer mosquito ou cagada humana que está patente no oceano tecnológico a que tudo se propôs. Oceano este que deixará de existir quando a sua memória de elefante em pulga se tornar, quando o preto lhe vestir e quando… não, isso não escrevo. Seria como plantar meias e crescer orelhas… Seria como cortar um dedo e sangrar na imaginação.
Cravo-lhe as unhas e mais um boneco surge, espalhando aroma de cenoura azul, mas desta vez com pintas rosa. Castanhos vibram enquanto a chávena de um café é esquecida por linhas de pensamento completamente diferentes das iniciais.
O toque, o vibrar causa arrependimentos magistrais nas bocas de um túmulo escrupulosamente bronzeado por um calor e brilho de novas e sensoriais pernas de lagos e lagares alcoolizados por mestres pictóricos vindos lá do longe, lá dos olhos que teimavam em ser vistos, quer pelo passado quer em qualquer outro tempo.
Esquisito no esquisito, mas com uma bola vermelha e uma batata esquizofrénica planeou a construção de um calculismo linear à separação da cauda do piano manco. É a relação que improvisa retirando uns óculos mágicos de virtualidade casual para uma mordida alta em golas baixas.
Pouco te resta…não desistes Vazio…!!!
Em preto social, tremendo instintivamente por lógicas verbais, um arrepio de carne e osso, assalta de rompante a apatia generalizada nos confins de pensamentos redondos e mal cheirosos. Tic Tac, é o som da sonora imensidão que reflecte o porquê do arrepio se tapar em bocados de tinta mal passados. Na porta da azeitona, quebra-se o caminho que ele seguia, não existindo mais possibilidades de novos passos idealizar, portanto, tal como ele nunca imaginara, é tempo de voltar para trás… E termina a fútil, quase eterna escuridão de um período claustrofóbico na sua vertente mais que existencialista. Também assim se desenvolve, por entre molhos castanhos e roxos, por entre dedos pegajosos de alcatrão enfeitados, a solidão… que no atirar com raiva as posteriores misturas, sob o preto social, transfigura-se num novo modo de vida que cresceria abundantemente em peles habitadas por desfalques carnais que entristeceriam a falta de potência e intensidade de seus motores aparafusados nas…acabou a tinta…. (lugar comum).
"bolachas moles de menina em ressaca (garrafão vazio)"
Numa forma horizontal questionei a tua relação com a chuva da terra que pisas. Atrofiei a energia que perdura em teus traços e riscos e alucinei na gata que persiste num amor que não paga. E de calote e calote, no maior pavio do conceito, pulo ululos de tráfico rude que ensinado foi pela treva da fechadura regada por bolachas moles como o olhar com que deitas tua sombra.
Num cansaço extremo tange a alegria de outrora, o futuro de um antigo odor que persistia em exarar na nossa alma em delíquio constante numa analogia profunda às veias da intrínseca canção que nos embala. Veias que na demora e na letargia a que se emprestavam regavam em lupina os disfarces deste presente que teima em projectar reflexos ulteriormente apagados com borracha mental e estúpida, apócrifa e sem vau de desejo.
Na mesma forma horizontal criaste sonhos em pingo e constipaste duros e frontais princípios sem fim e num exaurir de verbos de beleza duvidável limaste os vincos do teu projecto alimentando o vício da saudade. Desenhaste em sangue o que com areia é destinado e o fim da boa educação em manifesto tornou-se bandeira do cansaço e lança de guerreiro pobre com tímpanos entupidos por ruídos que não se alcançam mas busca a extremidade dos mesmos, num radical passeio em corda roída. De facto, prender a vontade é como questionar todo o vapor com origem no ferro que te ajuda a esquecer. É um esquecimento que só serve para lembrar. Os vincos rogam recados a um amor… não sabem eles que o mensageiro adormeceu.
A turbação da alma é alta demais para a projecção da tua sombra que não frequenta o reino da degustação das mesmas bolachas moles…
" o garrafão que é menino bêbedo " (jagodiana prosa)
" Exarado na analogia social patente, pescoços limados por ossos falantes e a rutilar formas vindouras de lápis preto bezoam palavras de ordem nas linhas gerais da constipação aguda e em delíquio mais ou menos formal.
A esfregona da vaidade tange o serafim da igualdade num enaipar arruinado pelo dedo que roga solicitações anémicas e, provavelmente, sem futura resposta. E é um futuro que os mesmos ossos encontram o descaroável grupo a que se empresta algo definindo desta forma a página mor das linhas. E assim as passo, em sublime passo esquelético e mal tratado:
-- 543 por cento em que um amanhã foi avisado e não arriscou um médico prévio na saúde da petição ao encargo obrigatório e suportado pela ordem da discussão desportiva e em simultâneo com o destaque apresentado ao trabalho. Enaipar o directo da expectativa causa responsabilidade à gente passada do passado em formato importante com perguntas centrais em rede ciente e baseada na qualidade da entrada e ajudada por estágios adocicados na europa do reforço amolgado pelo inconclusivo interesse.
-- Sentido médio na manhã alargada na internacional mágoa que numa reificação revelada descobre-se a raíz da tristeza que na saudade de um disco voador se encontra o respeito pela cultura do coração. A partilha é imensa quando surge na menor mancha alegre patente na descoberta inteira e totalmente surpresa á dádiva da (in)razão nostálgica do título dorido ao vivo e na emblemática verdade da busca gráfica no castanho entendido pela ligação da temperatura que aumenta conforme a abertura do desafio.
-- Informação não destina própria avalanche nem questiona inovação actual em aproveitamento analisado na cáustica portuguesa calçada do acidente viável ao patíbulo que nos faz ser demorados humanos. Marcar a ligação da esfregona e da vaidade é igual à de conselhos de romanos e talhas putrefactas nas visões de frades e donos mancos, primos dos primos quando pares surgem na pinga do cheio em país repousado.
--A apreciação em prol da explicação jagodiana, pisada no moinho moído da saudade em osso demonstrativo, gosta do contacto salobre na casta inter-relacional do antigamente. Surgir no planalto da informação risonha não dura o tempo relacional suficiente para a presidência da inovação em formato borracha-rei. É o propósito torto que endireita a força do engano que vende as terras dos avós e perde o dente da identidade dado que o garrafão de litro é menino bêbedo e em processo automático.
--Alguém em reboque mói a dor enquanto outro talhado em vaidade alucinante acriançado, vai depressa na quantidade e em suavidade excruciante. Assim nada nos braços gordos do vosso mais novo nascido em mil e seiscentos e qualquer coisa ou pico estrelado. E picamos na jogodiana prosa automática em regra disfarçada…"
" O Minaz Escopo da Família Núncio "
“Era uma vez… e assim termina a história de luz que acende como se de um destino se tratasse ou de uma voz se calasse, num ritmo arduamente flexível para um plano humano. Sufocado pelas formas formadas relembro a queda drástica do sucesso por entre o tempo que adormece no morango que força expele para o suspiro da rolha criada em berço de tinto, com sabor a framboesa e cristalina sombra de plantações cerebrais quase terrestres. Vejo-te a face e beijo o olhar que prende a miniatura de teu corpo e num perfeito mundo, só em imaginação, encharco os rumores da mesma luz que acendeu só para meus escrúpulos alhear, de danças invejosas e sarças de confusão zarolhas e de batina rural para uma urbana tentativa de descoberta do eu.
Não creio em um só Deus e nenhum deles crê em mim mas rogo-lhes imagens de azul-cobalto pintadas por entre brancos e vermelhos cobertos de exemplos ultrapassados em anos irrecuperáveis.
Não creio na forma do rico nem na fartura do pobre mas rogo pinceladas usadas e abusadas no estreito de Jagodes, onde o imaginário e o real massajam pés de quilometragem regada e aplica drogas de descontentamento visual. Não creio no pão doce nem no contrário mas ainda assim rogo pesquisas de calo formado para os buscar e nunca, mas mesmo nunca, os alcançar em meu amarelo mentiroso.
E descrente me afirmo e mostro, desfigurado na forma e na mente, com tangentes cicatrizadas no lava-louças onde afugentas mágoas que são malditas entre nós, onde tu, estrela desavinda, crias patíbulo para o que não importa.
E eu, no estreito de Jagodes, de semblante carregado de urnas azuis e janelas sumarentas de linhas desprendidas me torno marioneta de morte anunciada.
E com história terminada desde o início, digo e escrevo, com coração patente no raio que julga o que outrora fomos que, não creio em nós nem tão pouco em mim mas, rogo para nunca deixar de crer em ti.”
Numa geometria já delineada, com cenários anteriormente calcados e atropelados, a sombra do risco é mais forte que a confiança futuramente traçada na visita de Jagodes. Entende-se portanto, na régua caudal do vermelho imposto que esta personagem não é mais que o mosquito que por vezes se infiltra na húmida e quase gelatinosa vertigem da tinta carregada no branco, aquele que enquanto se mistura o açúcar no café, rodando num sentido sem sentido, em titânio se tornará. Com um lanço de espátula experiente será textura de obra inacabada e no esquecimento do anterior será alicerce de novo esquecimento na construção de fútil evento.
Jagodes era recto, com subserviência inconsciente em cenários patentes em seus minúsculos dedos de marfim e abusava de utensílios sociais ultrapassados, os mesmos que rogava em escopo no patíbulo proveniente de lugares comuns. Sorria na imensidão circadiana da letargia real das passagens apócrifas de elementos ulteriores à falha constante e conjugava com mestria seus medos e receios numa amança de causar inveja aos axiomas salobres que perduravam na ôntica e grota inépcia, núncia de desejo. Jagodes, cuspido por gajes compósitas e circinado na leveza imposta, calculava a tentativa de se inserir, túrgido e muitas vezes solapado ou como peia de bandeira, no rigor com hirsuta teimosia e com uma viçosa e mormente calma ondulada… ganhava e perdia, sendo que o significado seria sempre o mesmo em sua interpretação, uma sarça de fato e gravata, torneados numa perene cupidez depuradora que se voltará a repetir. Jagodes tinha fome, numa qualquer casa, num qualquer lar.
Jagodes não conhece cantos ou recantos ou até mesmo panaceias que possam vosear atritos de outrora, Jagodes é pando e panal, é um manipanso remansado que não se jacta pois não pode, ele escorva com bágoas e brados cristalinos futuras intromissões e nas vísceras do que viveu impele um ululo sem rebuço mas suficientemente necessário à civilidade promissora.
Jagodes expulsa os remédios demagógicos e numa quase carnal indiferença, postada em tijolo de argamassa viril, faz depender toda uma ilusão no cadmium latente na ferida de uma paisagem em que a vida e a morte são meros personagens. Jagodes sai à rua, esse é o vau de rio fortuito, esse é o quadro de cruzes feitas e exauridas na gravata intelectual da ferramenta de cascas varridas com bico de flamingo ferido, esse é o seu maior feito.
No ritual, a pena surge. Pueril fantasia para os que exibem florão! Fétida intromissão consciente! Em balão de ar, adrede causticante, com faca de rotina firme e inelidível, instado a si próprio num estipêndio primordial com capelo em linha, Jagodes ilha-se…
Em torno do impelir diástrico, Jagodes espreita pelo corpo de quem o recebe criando janelas repletas de cortesia vã que, de mosquete oferecido, olvida a turbação da pausa esculpida lateralmente na véspera de um sapo com farda que corre foneticamente na intervenção da história cortada pela formiga em charada navegando. Austera perícia e ajustamento leve como a pena da vírgula que se intromete são características que batalham no abstracto da néscia e esguia verdade de um balão arremessado pelo cenário criado e preso, azul ou negro e branco de palidez roxa.
Ilhado, Jagodes, recto e com minúsculos dedos de marfim entende por momentos que é alimento para vírgula e parcela para a soma da subtração. Indiferente às suas impossíveis conquistas que sustam episódios causticantes em sua pele, Jagodes lega reflexos e linhas de probidade espuída. Não se torna lema pois é inconsciente, é hirsuto, seu compósito de sofrida humilhação mas é túrgido seu arremesso de solapadas ferramentas da intrusão social. Negativo é o resultado fungível da reacção que trasfega verticalmente mas é quase a origem da regalia torneada em tinta que pesquisa e absorve um autor ou um olho e ponto de vista. Chama-se ou grita-se a isso de reflexo, de algo endogénico na decrepitude passada, que mais não existe e goza com capelo de perenidade azul com bolinhas de sabão sujas e brilho expoente na imaginação depuradora de uma batata, de uma cenoura ou até de uma pata panda e panal como Jagodes.
Treco-lareco de trábea minaz que voseia escravo sem cravos com berbicachos de um exordial propalo precatório, rogado da planície negra que só existe porque as vísceras de um qualquer autor assim o deseja. Treco-lareco de lendas zurradoras que, absortas, escorvam trebelhos destinado ao panal pando da barroca boca sem mosca que calca e galga sem manga o oposto da borracha-cola entreposta em dedos de rabos sentados, delineando assim, mais uma vírgula de casca suada pausando o necessário ruído e voraz presença da cor que se reflecte. Jagodes, ilha-se… na penúria do olho campestre, ordenhando no ritual de pena e na rotina firme da faca, agora acompanhada de sua esposa, com bicos de sedenta sedução, prontos a ser tocados pelos lábios que só existem e existir, só existir, é fruto verde não comestível para o suado tabique entre realidade e o irreal que Jagodes bamba constantemente na sarça de fato e gravata. O tijolo parte-se e volta a partir-se quando o cadmium de tinta do autor pressiona a existência e a sociedade, juíza do vê e revê, vírgula, ponto, garrote, redoma do cão de guarda em plenos quinze minutos de fama (cliché transpirado).
Nu e viril, de tijolo pousado na igualdade prometida e de nariz inexistente aos cheiros que os cercam, o panal Jagodes martiriza seu destino sem fava e sem casca varrida. Intromete-se intrometido, navega navegado e sorri com sorriso para que sua imagem volte numa eloquente volta do linchamento vidrado de impossibilidade histórica. E na penetração de força questionável nos cenários sociais como agora se ouvem lá fora (dentro do fora) pesca a sua vagarosa e numerosa família que não surge.
Descrente, cria pois foi criado e numa inconsciente e perene inconsciência reflecte seu legado como patíbulo a si próprio.
Império Imaculado (prova de continuidade em absurda linha itinerante de Jagodes)
Florão de bandeira, que susta probidades circinadas, é exibido e espuído adrede por entre passeios de risco ao meio e honradez de túrgido compósito irado. Na sociedade, mormente peia da criação que jorra no ajuizado e intrincado pelo da sarça irreal, tiques de imaculadas decrepitudes constroem a cupidez depuradora da realidade exordial que, de forma minaz e com exacção de arrepiar meias de bico estreito, voseia o futuro da mesma. É uma linha definidora que rincha consentâneas causas, é um escopo que impele a dose em cadafalso, necessária à realização do que ulula pós-letargia, é o descobrir do rebuço e é o cobalto núncio de um império.
A inépcia da sola é inelidível e não causa redes de destino nem tão pouco luas de desavindos esquecimentos. A mesma, marca rotações de momentos passados e na hirsuta e longínqua promessa de rebelião bebe-se o licor de tristes beiras calculadas que instam o desfasamento do cobalto núncio tão desejado no império.
E o cobalto instala-se, absorto nos liames que dividem ou juntam as precatórias formas (in)existentes.
Definir personagens e por si só questionar, torna-se uma saliência de ruptura quando, na artimanha de louvor, o tempo é falível na sola de carimbo. Desta forma, sussurrar lemas e vontades é dourar pormenores inflexíveis nas formas que representam a sociedade.
Cobrar, portanto, aumenta responsabilidade na sarça que preenche a visão, a mesma que se desprende dos elaborados e ultrapassados conceitos das edificações culturais patentes nas entrelinhas da sólida prestação social. Como resultado primordial, cresce o automatismo do irreal que, e assim, neste império, real sem coroa e com espinhos, rasga o braço da corrente paradisíaca instalada. E com isto, à condição de uma dança entre chapéus, se define a tábua do “Não te salves”, imaculada, presente e rigorosamente talhada para acolher lei de bágoa e lei de toque sem dono com bicos de peito torcido na lama do intestino cerebral, aquele que solidifica a terra e o penoso caminho de fomentar taxas percentuais de crimes nunca futuros. O futuro aqui é o passado.
Sendo assim, se apelida de núncio, pois cobalto olhará em bágoa de ardor lento e com peso de régua maldita sussurrando um qualquer lábio azul em tecla de nau mergulhada, olhará em luz de palavra leve com tesão de tic tac anunciado e saltará tréguas de alegria para que pulos e dedos mirrados por cabelos húmidos possam galgar esqueletos adorados nas mil e duas formas com que se forma.
Futuro é passado imaculado e a sanidade é pretexto para o reverso da suavidade e moral controlada que respeita a tal edificação. No choque, a ironia, no confronto, o irreal. O destino apressa-se a relacionar espelhos com batom de poupança labial e formigas roçam o inesperado marcando tonalidades para o consentimento humano. Lanças atiram-se com penas de anjos e atingem reflexos atrofiados. Espinhos definham e espetam matrizes gordas e obesas na humildade que se presta a não prestar.
Com bágoa fiel em caminho sonolento, rogam-se linhas e sombras que destilam entre si sábios e loucos pontos recheados de cenouras que não se veem e torcem elaboradas penas de inglória faminta. Com simpatia ou demonstrações provisórias de trebelhos cáusticos em doutrina alheia, a pena marca hora e data para confronto e, o cobalto, aceita de bom grado, anunciando como correio de legume ou papel de vindouro a confirmação de sua aceitação. E lamenta o seu regozijo pois sabe, e cravado em espinha de calor azul, que o mesmo regozijo é culatra para seu olho e gatilho para o seu adversário.
Sente queixas e pensa torneira de desconforto mas torneia e amansa esquivos sabores de fortuna. Ouve sanidades e fala onomatopaicamente por entre cheiros abundantes na sola que não se repete, só assim não se perde num avermelhado rabo entrosado no adiado plano do cansado e fomentado sábado do usado e maltratado, quase que alucinado, repito, quase que alucinado e endiabrado. Cobalto sorri… Não! Cobalto ri-se em barda efervescente e usada solenemente por monges em tom violeta, aqueles que pesquisam a dentada da formiga na prévia invisibilidade da questão que boceja quando no império, e só no império, a coroa é cara e a cara é maldita. Maldita e crua, sem redoma de probidade térrea. É lei e é fomento.
Na edificação sã da parede branca com ponto de tinta desconhecida, a imaculada insanidade brinca às escondidas com a sombra da chávena que persiste em açambarcar diabos de dois dedos com unhas de duas cores e fungo de dois endereços. Escreve em rama e dilata em vírgula dissecando o nada da sanidade que derrete rimas sociais e conceitos datados nas entrelinhas do cusco e rugoso leito da imaginação louvada e medieval. É regra mas não lei e daqui resulta cobalto e não gatilho, renasce cobalto e não culatra. Núncio era, sábio se passou, monge se desejou e tormento enfeitado com razão em cinza se tornou. E as formas divagam enquanto o império, fielmente e com liames de persistente sedução, as cria.
Controlar pés sujos na ponta que a caneta exige, descalça almofadas perfeitas em forma e penosamente pesadas em ideal. Mantas com almoço de rei cobrem as caudas dos rabos avermelhados e apetrechados com fogoso reflexo irado proveniente de um céu que não existe. Existe apenas um debiqueiro despique em patíbulo de amargura universal em lupina de vivar que açambarca a tangente ulterior que traveja o chapéu quase fúlgido, quase acético e quase… imaculado.
E em vau salobre que cruza e não olvida recônditas insanidades perfeitas, em vau ilhado de fato túrgido e gaje absoluta na remessa do quotidiano pacífico e borbulhento ou em vau que segue em sege viçosa e imperial, decresce a monotonia do desfasamento e aumenta o gambito da igualdade, a mesma que cobalto exige como trasfega perene do império. E as vísceras da sociedade, de tomate e pepino enfeitadas, de calcanhar e fígado feridos, com pando e disfórico treco-lareco manipanso, zurram… escorvando insanidade na culatra imaginada.
"O Império da Imaculada Insanidade"
Florão de bandeira, que susta probidades circinadas, é exibido e espuído adrede por entre passeios de risco ao meio e honradez de túrgido compósito irado. Na sociedade, mormente peia da criação que jorra no ajuizado e intrincado pelo da sarça irreal, tiques de imaculadas decrepitudes constroem a cupidez depuradora da realidade exordial que, de forma minaz e com exacção de arrepiar meias de bico estreito, voseia o futuro da mesma. É uma linha definidora que rincha consentâneas causas, é um escopo que impele a dose em cadafalso, necessária à realização do que ulula pós-letargia, é o descobrir do rebuço e é o cobalto núncio de um império.
A inépcia da sola é inelidível e não causa redes de destino nem tão pouco luas de desavindos esquecimentos. A mesma, marca rotações de momentos passados e na hirsuta e longínqua promessa de rebelião bebe-se o licor de tristes beiras calculadas que instam o desfasamento do cobalto núncio tão desejado no império.
E o cobalto instala-se, absorto nos liames que dividem ou juntam as precatórias formas (in)existentes.
Definir personagens e por si só questionar, torna-se uma saliência de ruptura quando, na artimanha de louvor, o tempo é falível na sola de carimbo. Desta forma, sussurrar lemas e vontades é dourar pormenores inflexíveis nas formas que representam a sociedade.
Cobrar, portanto, aumenta responsabilidade na sarça que preenche a visão, a mesma que se desprende dos elaborados e ultrapassados conceitos das edificações culturais patentes nas entrelinhas da sólida prestação social. Como resultado primordial, cresce o automatismo do irreal que, e assim, neste império, real sem coroa e com espinhos, rasga o braço da corrente paradisíaca instalada. E com isto, à condição de uma dança entre chapéus, se define a tábua do “Não te salves”, imaculada, presente e rigorosamente talhada para acolher lei de bágoa e lei de toque sem dono com bicos de peito torcido na lama do intestino cerebral, aquele que solidifica a terra e o penoso caminho de fomentar taxas percentuais de crimes nunca futuros. O futuro aqui é o passado.
Sendo assim, se apelida de núncio, pois cobalto olhará em bágoa de ardor lento e com peso de régua maldita sussurrando um qualquer lábio azul em tecla de nau mergulhada, olhará em luz de palavra leve com tesão de tic tac anunciado e saltará tréguas de alegria para que pulos e dedos mirrados por cabelos húmidos possam galgar esqueletos adorados nas mil e duas formas com que se forma.
Futuro é passado imaculado e a sanidade é pretexto para o reverso da suavidade e moral controlada que respeita a tal edificação. No choque, a ironia, no confronto, o irreal. O destino apressa-se a relacionar espelhos com batom de poupança labial e formigas roçam o inesperado marcando tonalidades para o consentimento humano. Lanças atiram-se com penas de anjos e atingem reflexos atrofiados. Espinhos definham e espetam matrizes gordas e obesas na humildade que se presta a não prestar.
Com bágoa fiel em caminho sonolento, rogam-se linhas e sombras que destilam entre si sábios e loucos pontos recheados de cenouras que não se veem e torcem elaboradas penas de inglória faminta. Com simpatia ou demonstrações provisórias de trebelhos cáusticos em doutrina alheia, a pena marca hora e data para confronto e, o cobalto, aceita de bom grado, anunciando como correio de legume ou papel de vindouro a confirmação de sua aceitação. E lamenta o seu regozijo pois sabe, e cravado em espinha de calor azul, que o mesmo regozijo é culatra para seu olho e gatilho para o seu adversário.
Sente queixas e pensa torneira de desconforto mas torneia e amansa esquivos sabores de fortuna. Ouve sanidades e fala onomatopaicamente por entre cheiros abundantes na sola que não se repete, só assim não se perde num avermelhado rabo entrosado no adiado plano do cansado e fomentado sábado do usado e maltratado, quase que alucinado, repito, quase que alucinado e endiabrado. Cobalto sorri… Não! Cobalto ri-se em barda efervescente e usada solenemente por monges em tom violeta, aqueles que pesquisam a dentada da formiga na prévia invisibilidade da questão que boceja quando no império, e só no império, a coroa é cara e a cara é maldita. Maldita e crua, sem redoma de probidade térrea. É lei e é fomento.
Na edificação sã da parede branca com ponto de tinta desconhecida, a imaculada insanidade brinca às escondidas com a sombra da chávena que persiste em açambarcar diabos de dois dedos com unhas de duas cores e fungo de dois endereços. Escreve em rama e dilata em vírgula dissecando o nada da sanidade que derrete rimas sociais e conceitos datados nas entrelinhas do cusco e rugoso leito da imaginação louvada e medieval. É regra mas não lei e daqui resulta cobalto e não gatilho, renasce cobalto e não culatra. Núncio era, sábio se passou, monge se desejou e tormento enfeitado com razão em cinza se tornou. E as formas divagam enquanto o império, fielmente e com liames de persistente sedução, as cria.
Controlar pés sujos na ponta que a caneta exige, descalça almofadas perfeitas em forma e penosamente pesadas em ideal. Mantas com almoço de rei cobrem as caudas dos rabos avermelhados e apetrechados com fogoso reflexo irado proveniente de um céu que não existe. Existe apenas um debiqueiro despique em patíbulo de amargura universal em lupina de vivar que açambarca a tangente ulterior que traveja o chapéu quase fúlgido, quase acético e quase… imaculado.
E em vau salobre que cruza e não olvida recônditas insanidades perfeitas, em vau ilhado de fato túrgido e gaje absoluta na remessa do quotidiano pacífico e borbulhento ou em vau que segue em sege viçosa e imperial, decresce a monotonia do desfasamento e aumenta o gambito da igualdade, a mesma que cobalto exige como trasfega perene do império. E as vísceras da sociedade, de tomate e pepino enfeitadas, de calcanhar e fígado feridos, com pando e disfórico treco-lareco manipanso, zurram… escorvando insanidade na culatra imaginada.
" A Devota Consciência de uma Pele Maldita"
Lá na fonte, no cerne da história enriquecida por línguas em tinta morna, lavaste a lágrima do meu odor. O esfregão de instrumento afiado tornou-se na relatividade de tua inocência na questão de um gesto tratado em liga de malmequer. O esfregão com que saudade lançaste arrepiou-se na medida de tua palma.
E na imensidão da pele que não quer ser, regozijaste uma vitória nua sob os caracóis da queda tardia de um pôr do sol com lua vestida. Viva estás, quando a lágrima perdura numa lavagem eterna. Viva estarás, como tortura e maldição. Por isso morres, por isso morrerás.
Disseste sim, quando queriam um não e até disseste não quando queriam um sim. A contradição é a tua rota de destino e o teu ponto de partida. A distância é a tua escova e o que calças é o que vestes. Dessa forma, dispo-me exigindo nova pele. Consciente estás mas só durante a viagem. No fim ou num qualquer fim, por entre abre e fecha de frio constante, por entre gelo ardido ou fogueira distante dirás sim quando um sim alguém quiser...
Será como mastigar uma inconsciente e trágica planície de maravilhas que não existem, será como queimar um cheiro para um outro obter, será como tomar a cevada da triste incerteza.
Mas... mas não me importa... nem a consciência devota ou o cerne da história que não contas, não me importa a vitória que não vestes ou o sim que atiras num qualquer reino. E de consciência arregalada na sedução que limas enquanto percorres a porra da tinta que teima em dispersar na pele maldita, não me importa, não me importa...
Escutei a silenciosa e honrosa harmonia das palavras que me dirigiste. Mão com mão, dedo a dedo e pele em comunhão numa reacção responsável pela resposta despida e crua. Escutei a tinta que saltou em azul de torno frio e claustros abraçados, como habitual na relação próxima de gerações perdidas. Naturalmente te silenciei na ruptura estrelar que povoou o teu universo. Negro, sem luz e sem cor, apenas linhas entrelaçadas vindas da palma de tua mão.
Destinos teatrais seria a expressão correcta para o que inseriste em minha calma. Nesse fingimento vibrou o calcanhar de teu mundo.
Na área que cobriste, tua sombra se alimentou de meu respiro, num grotesco almoço de vivacidade alterada e de meias vermelhas. Descalçaste e calçaste, numa repetição que se tornou em nova resposta, e assim consecutivamente.
Palmas para ti, aplaudo-te de pé. Bis!!! Bis!!!
A influência que exerces não é compatível com a manhã que sonhaste na ardência de teus olhos. Lacrimejar não é lei no teu reino e assassinar parcelas de felicidade é teu lema. Esbanjar raios de oportunidades profere tua sina e mostra transparência quando transportas destinos de outrem. Pois tens esse poder, pois tens esse ardor, pois porque queres, pois porque crês. Tua sombra está distante do que pensas enquanto materializas o odor de um movimento que emprestaste ao apóstolo da energia açucarada. Em latas vives, em pratos dormes e em lençóis de pele estudada pela maldita fome de errar, dormes. Lanças feitiços sem noção da página, lanças círculos de outrora entrelaçados nas veias das rugosas calçadas por onde caminhas. E tua pele permanece igual, maldita como o verniz estalado de tuas pestanas. Consciente que perdura na real, crua e faminta paga da asa quebrada, automatiza hipóteses de aventuras detalhadas entre a persistência sonora e a teimosia biológica. Ser pioneira na devoção é almejar o sacrifício de cortar as unhas. Persistir no mesmo é alcançar o proposto enquanto líder se torna. Líder do corta unhas açucarado que riposta a sensibilidade da pele maldita.
Entre a lata do açúcar e o álcool que não dançava passeaste descontraída observando os grãos de futura maldade na viagem já planeada. Persistente e curiosa galgaste o terreno doce, construído e desgastado pela sombra da mesma. No esfregão de riscos calculados descansaste e no amarelo que lava loiças pensaste o verde que esperançava a regalia da vida, seu mais alto ponto de expectativa real.
A claridade que penetrava o chão gasto e pegajoso clarificava um objectivo mesmo antes do calor do fogão aquecer o leite derramado. Em nata se tornava, apenas e só para cobrir suavemente as costas que salvariam milhares. No tic tac do relógio aborrecido co-existia a pergunta da sobrevivência e no ponteiro maleável pelo sono humano pregava a resposta em tom raso e incolor. A lata de açúcar casa com a claridade.
A formiga desprende a visão e num calcanhar de apóstolo segue uma tratada e inexperiente hora de destino. Um ruído de alarme é suficiente para milhares se acautelarem enquanto o trabalho definido, espera, sem ponto e sem vírgula.
Hoje levei uma formiga para o trabalho, seu nome é Terceiro.
"O Audaz Plano da Perna Esquerda"
Na época das entranhas normais e dos ossos bem-falantes, um respiro, no seu mais alto esplendor calculado, desenhou a tragédia de uma esquisita entrada. Ao pormenor, de soslaio e de silêncio em pestana, colocou ripas de outrora e cimento de vindouros. Semeou escuridão e nutriu paixão pela luz. Esverdeou milhares de suspiros, cortou horizontes em cadáver, transformou o azul naquele azul e o vermelho naquele vermelho. As semelhanças, essas, enfiou-as em jarras quebradas pelo vento ciclónico dos estonteantes espaços ainda por preencher, filando-as de seguida num tecto solúvel em suor de mosquito engravatado, um tal que, adiante, seria o portador, na melhor das expressões, da mestria final do respiro. Um tal que, convencido pela sua própria existência carnal aliado à escorregadia gravata que sempre usava, permaneceu na ilusão que sua importância era regra e condição absoluta para que o que transportava transpirasse veracidade.
Proveniente de plenos pulmões e de uma aguda profecia sem autor, o respiro, de
carvão e pavão em bico, descalço no chão em pão duro e ressequido, aperfeiçoa a
condição de sua existência. O elaborar disponível ao mundo seria demasiado fácil para a
expiração calculada ao segundo e sem termos negativos que pudessem causar cócegas
autênticas e bailes de gerações em torno de cascas descascadas aquando da outra parte,
a inspiração. Esta é o som, é a relíquia do pêssego sumarento, é, sem abstracto ou mesquinhas unhas saturadas, a realidade de calças e camisa em vinco perfeito… que em inúmeras dobras se escondem na gaveta do pavão.
Papel, sujo de conformidades e regras alternadas por esquiços endiabrados choca com a paisagem que por detrás da caixa humana se esconde. A faísca alucina o olho à mercê dos que pressentem e quebra a mão dos que soltam uma acção. A luz criada sustém almofadas de momentos já imaginados e, no suspiro do toque, no toque suspirado as linhas abraçam a tinta e perguntam o porquê. A resposta, e de rompante, marca território ainda antes da pontuação, e no seu dever atira: “Porque sim.”. A função do toque suspirado causa uma indignação tal na boca da caixa humana que protestos correram veias e tendões da fita amarela, como que demonstrando a procura de uma meta que parecia nem tão pouco existir. Gritos em torno de pelo amordaçado fritaram cérebros e argolas de processos contínuos que se vendem a qualquer pedaço de calafrio material. Milenar, claro está, mas um novo plano não se cinge a um novo novo.
A glória do provável êxito e da conquista dança isolada, nua, crua e sem espinha que possa porventura posar no palco da fria e entretida decepção. Poucos sabem, muitos tentam e alguns imaginam. O novo pertence a algum. O pêlo, quando eriçado, pertence a muitos e o respiro que actua quando perna lhe chama é Rei presente nos poucos. No patamar mais alto, após subida, ao som do famoso piano manco que arrota colcheias de dor e prazer, a definição do discurso ainda não preenche verso de existência nem tinta de odor. Não lembra terras por conquistar nem seduções produzidas em materiais que relançam sincronias entre livros de arte sem arte. Não semeia cores de tornozelos em chamas ou pulsos com cortes de mares entre desenhos da mulher imperfeita. Velas ardentes em copos gastos definem a teoria do pendor construtivo. À medida que o nariz apregoa, os passos de majestosas veias celulosas envolvem razões de querer. À medida que se enrolam e se enfrascam, apertam crenças que não são solução. Prisioneiras, largam ferozmente as antigas leis que desmembravam utopias sociais na tentativa de uma continuação com meias de lã húmida. Não resulta. A teimosia alia-se à vontade, o Tal exibe o seu suor e o odor do físico Plano apaga das teias humanas os vestígios que causariam uma acesa ruptura dramática em alicerces que choram.
- Murmúrio categórico.
“Na cadeira malmequer que cola a ideia transparente, repousa a transformação futura e possível que a perna esquerda se sujeitará. Sem matéria solúvel, sem rios de grandeza ou grutas de vergonha, a naturalidade desta questão está ao de cima. É como no jogo que ainda decorre. A diferença é que um fim se anuncia a ponto de esquivar o sumário da lição ainda por leccionar. A ausência da aula é ponto fulcral do Plano. É a categórica alínea que define uma perna de outra. É onde a inocência se desprende e viaja, onde o longe e o perto não existem, onde o preto é transparente no branco sossegado pela narina do escrito recente.”
Nas linhas que definem o Plano, vestidas a rigor com trajes de vidro futuro, batalhas são travadas com o intuito de progredir rapidamente. A mesma rapidez, trunfo de destino é também regra. Mas quem no seu perfeito juízo obedece a uma regra quando esta é peça de uma batalha? Mais importante ainda, quem a aplicará correctamente, sem fugas ou implementos de fugas? O respiro? O Tal? O café?
Banalizam-se os valores, distrai-se a corrente e desligam-se etapas de conquista. Não há general e só soldado se apresenta. Aprumado, de cabelo em triste maré e de ódio em veia apertada. Nos seus batimentos cardíacos sacode-se a calma que estorva a intervenção que o espera e rega-se com solidez ofensiva. Mas as batalhas continuam. Outra coisa não seria de esperar. A perna esquerda deseja tornar-se na perna direita, é o aproveitamento escaldado, é o momento inspirador mas é também o momento que se pode tornar igual a um qualquer outro, com longa barba e bigode e com sabedoria suficiente para encarnar a rigidez da condução do Plano. Outrora, suculento e promissor, mas o contemporâneo odor social infesta as regalias futuras, que, entrelinhas, estariam a ser estipuladas.
No entendimento e no absorver desse odor, repousa potencialmente a linha única em que o Plano se transformará. Com remela e evidentes torturas físicas, com dores e prazeres escondidos, soltará o grito que em murmúrio ainda se apresenta, e na discrepância das (in) decisões populares fará a fortuna do alcançado. As mesas não mais serão quadradas. Os olhares serão rectos e a mudança vertical. No resto do resto, resta sem réstia… a aplicação. A crosta da mesma irá cobrir a sedução mas só após cativar em pleno toda a solução a que se prestou. A inspiração, com a sombra dos Murmúrios em carne fresca, torna-se agora na verdade fatal que, com lanças de rodopios entre guerreiros seduzidos, destrói as fechaduras do futuro e escreve o presente.
A humanidade prendeu-se em fasquias que não abraçam as asas da liberdade real. Constata-se, em soluços de realidade, que a provisória unha do contentamento se corta automaticamente à medida que o vento dilui terras de corruptos e de vaidade extrema.
Pedras insolúveis e riachos de carnificina redonda fomentam os quadrados que abrangem migalhas de lassidão tosca em cabelos roxos estrelares. As mesmas pedras constroem o caminho que uma ilusão galga a sete mil e duzentos pés mas que nunca encontrará uma meta, pelo menos digna de assim se chamar. O nevoeiro é intenso e as fasquias são como uma cor que não existe.
Milagres e profecias sentam-se frente a frente com a ciência exacta do canibal Murmúrio. Hora, dias e até semanas é o tempo do jogo a que se prestam jogar. Não há truques nem sussurros, não há santos nem carne que escape à possibilidade do mastigar, do conceito particularizado pelo dente de alumínio, observado por navegadores húmidos e presos na bocarra ideológica e utópica da liberdade (real). Murmurar sem combustível gasta a sincronia do corpo. Dessa forma, as orelhas descambam e os olhos se fecham. A boca sossega e os dedos entrelaçam-se sem tréguas com tactos vindouros. Semanas passaram e o jogo ainda decorre, numa paciência de musgo azul, numa calma de teias verdes. A vitória dorme, deitada no sofá da esquizofrénica ideia e a derrota, essa, já há muito que trepa sonhos e pesadelos. Mas só a liberdade (real!?) ressona...
A manhã entrelaçava o odor do despertar. Aquela hora era uma rotina de punho cerrado, lembrando a ironia da chuva que caía desamparada nos cabelos da penumbra social. O risco da saudade alargava-se à medida que absorvia os ponteiros da realidade que viria. O vento cuspia rasgos de liberdade e chorava lágrimas de raízes gordas e nutridas com pó da imaginação das árvores celestes. As pegadas soltas, andavam, sozinhas, sem destino, em círculos, delineando o poder da solidão e a razão da pestana solta. Foi então que os olhos se quebraram, quais vidros quais corações e a gente, aquela que vagueia nessa mesma hora, em nada reparou. Não lhes apeteceu nem tão pouco lhes competia. Pedras e mais pedras, murmúrios e sussurros, socos e pontapés atinavam com o sol que tardava em chegar. Era uma manhã igual a qualquer outra. Nada diferenciava a hora, nem um segundo ou um passo que fosse. Era a palavra da monotonia.
Em jejum aceitavam, sem aparências emprestadas. Em jejum realizavam o nada. Setenta e três mil e dois passos depois, eis que a hora do abraço encontra a hora do fim. Lá na ruptura de entre vidas, lá no poço de entre chãos. Luz querida, luz desejada, numa escuridão de pender tormentos, num tormento de abraçar o escuro. Caminho feito, idealizado antes, vistoriado após, seja o que for, a perna esquerda planeia a perna direita. Esta, melindra as notas soltas da hierarquia patente e em voga na garganta alheia e desconhecida. Não existe fruto mais maduro que um conceito experimentado. Não existe um, sem dois. O mesmo joelho, as mesmas veias e a mesma pele, a mesma carne, a mesma
água e o mesmo sangue. O mesmo plano, o mesmo sabor e o mesmo fim, este arrotado pelo sim. O sim que exagera o sentido da imaginação passada, cravada num outro plano, numa outra época. Mas com o mesmo resultado prático. Dois braços existem. A agulha temporal lambe-se de satisfação, calibra o termómetro da tempestade e alterna sacrifícios humanos em nome de um plano ainda sem verso. Constrói paredes de papel e sacos de madeira, ri-se do astuto negro que vigia ao longe e ainda cose bainhas de sabedoria enquanto lê o jornal...sem verso. Café, para que te quero!? As pegadas esquerdas são as impressões relaxadas de um mosquito com perna. As mesmas são futuros alicerces. E são ainda, abrigos aos que não acreditam. O telhado que os cobre, trouxeram-no eles, os infiéis do Plano da Perna Esquerda.
- Murmúrio Definidor.
“Desfilou entre tábuas sem medo ou receio. Deslizou entre corpos sem guerra ou raiva. Sorriu entre olhares e teias de tecido verde acastanhado. Lembrou-se do que teve e do que tinha, agarrando firmemente o que tem. Largou margens de saudade e arrepiou caminhos esqueléticos na maratona diária e constante do confronto pêlo/alegria. Assassinou a tristeza ardente que a consome e bufou o fumo da acção com calma e destreza, que lhe confere assim, a brava alcunha de guerreira. A lágrima surgiu.
Fechou os olhos e bocas, abriu mentes e sorrisos, apadrinhou novos seres e escreveu o seu destino em pedra emprestada. Calçou conjugações estranhas e imperfeitas, cobriu-se de calor e assumiu o vento do norte que ria e ria e ria e ria. Partiu um dedo, calçou uma bota natural e na sintética e cilíndrica passada da morte, viveu. Como nunca ninguém viveu.”
O saco de quatro rodas muniu-se de parafusos simétricos enquanto a neve do chão se transferia em várias frentes. Várias cores existiam e várias cores se atormentavam na relíquia do encanto de um movimento rotineiro. Um parafuso se enroscava à medida que a pedra do tormento se calçava. Dois parafusos se enroscavam à medida que um passo era decidido e tomado. Consecutivamente, naturalmente, a construção do império era o alicerce-mor do Plano. Mas não escrito ou anunciado qual boa-nova qual quê, estava sim, destinado, num daqueles conceitos que definem a intervenção moral e típica num pressuposto posto de socorro. Ainda munido e já com várias frentes cobertas, a irrisória colocação de animais encantados passou despercebida e a manutenção do parágrafo descritivo, continuou, num avassalador faz de conta azul. Torneado pelo aspirar constante das palavras más, o parágrafo rapidamente se alargou, numa ironia quase que perfeita. Sabia-se que o vício e a necessidade de artimanhas e respostas prontas era uma co-existência, peculiar é certo, mas habitável, na toca desfeita da sabedoria.
Um furo. Não existe sobressalente. O saco não pára. Os parafusos enroscam-se igualmente. O Plano marcha e a cenoura aquece. A neve derrete, mas só numa frente. Naquela que não está atrás (momento específico da construção). O cubículo sem verso adensa miseráveis gotas de chuva extensas e de fato, com gravata, às riscas e manchadas de sangue, também este de fato e gravata. Desce do saco munido mas agora, vulnerável, olha e pensa, pensa e olha... Sobe para o saco. Ombro em ombro, o choque afeiçoa a latitude do poder. O confronto entre mentalidades viaja em primeira mão, de soluços cronometrados, de pernas engavetadas e de horas solúveis em água quente. Arrefecimentos temporais são esquiços fotográficos, que anseiam a visão do crescer para um mar tardio em se mostrar. Na
conjugação irreflectida mas ruminada, e ainda em primeira mão, um calor de botas metálicas e cordões de alumínio puro abraça a ironia do podre mental. Agarra-o, sacode-o e ilumina a sarjeta das argolas mais que perfeitas, aquelas que catalogam a sabedoria sem saber. Esta acção é o inicio de uma promessa que cai nos travões do caminhar salgado por entre doces destinos. A chuva rompe o cinto, o vento abana bandeiras de ódio e indiferença e a terra treme... como só quando treme. Há sempre um segredo, louco e astuto, desgarrado e sombrio, que trepa em imaginações fartas e sumarentas. Lá, situa-se no lugar mais quente porque calor com calor dará calor. É o calor do calor que causa mais calor ainda mas só porque a soma dos calores foi realizada. O protagonista é ele. Mas só quando vem em paz. Sem essa paz é o figurante da rua assassinada. A espera fomenta. Vem.
Tudo após, após tudo, vida e vida, respiro a respiro, vento a ar e ar a vento, a morte desaparece, no nevoeiro das princesas nevoentas e arrepiadas em que torres se constroem, em que alvoroços ouvem a destreza do truque amaldiçoado que será nada mais, nada menos, do que o seu futuro com meias de lã e mosquito fardado. De nó engavetado mostra a hora do poste que marca a presença da multidão que rasura as ideias enérgicas do deslizamento vida e vida, ar e ar... No mesmo desfile, a pista é formada por cadeiras saltantes e pulsantes, com números escritos a sangue, sangue este, derramado através dos mesmos escritos peludos e assinados com o dedo cortado. Será o símbolo, será o silêncio de rompante, qual anel de rei qual reinado de príncipe. Sangue que sangra, no futuro delineado da cadeira mascada, dançante e alucinada, que não será mais que a droga verde acastanhada da maquia humana.
Na cauda desfeita de laços por quebrar, a sintonia da razão escuta a pata do conformismo regular e linear. São pedras que se cuidam mutuamente entre Reis de ossos brilhantes e sombras estreitas. No olhar esgazeado de um telhado sem lei, a aposta firme no vidro de açúcar torna-se amarga à medida que uma perna tenta ser a outra. Num plano incompreendido para os que o avistam, a recta não é mais que um círculo, este, transformando-se num ciclo e por sua vez num olímpico estado de alma. Não transparece na volta nem tão pouco na ida mas funciona como combustível que alimenta fugazmente a ironia do conceito planeado que cai por maduro. Desta forma, e com o trombone de aviso em fundo, não há manco nem cego, nem tão pouco um morto. Quanto muito, haverá um moribundo, o tal de fato e gravata com telescópio de certeza e unha mascarada. O tal que alberga o Plano e o avalia na prematura sombra do Murmúrio.
Sussurros Questionados
De tributo a tributo, sem causas adjacentes à conquista definitiva (soldado ainda dormecido), a profecia de origem é colocada em ponto evolutivo. Aquando da construção do Plano, a ideia que prevalecera induziu questões que povoaram maçãs de barba longa e pavios queimados. Ardentes, por chamas reluzentes e saudosistas, os pavios de carne e osso abraçaram a farda do mosquito que respirava descontroladamente enquanto os rins se quebravam perante tamanha existência. Sem segurança de punho arregaçado ou batimentos contínuos e certeiros, seria no soluço eterno que o Santo Sussurro abolia toda a Lei do Plano. As alíneas de aplicação e conjugação seriam podres alimentos comestíveis para quem o ouvia de soslaio. Esta situação causava a interrupção maciça do caminhar entrelaçado nas estrelas do respiro. O universo tal como era passaria do ponto um para o ponto zero.
As cascas de uma face presente rodeavam-se de estranhos sons apelativos àqueles que adormeciam na outrora conquista do palavreado comum. A tensão, por vezes mágica, roía a factura da vontade em acreditar e rasgada era, consoante a vogal do volume do sussurro. Desacreditar tamanha força é tarefa árdua para os dedos mancos do Sussurro, bem vestido, bem-falante, de risca ao meio e peito na vertical, aquela verticalidade que só a régua e esquadro da mente por escravizar permite construir e navegar. O engano, ferramenta crente e milenar passeia-se nos escritos do Plano, derivando e alimentando uma nova filosofia de respirar enquanto se observa. Neste momento, o mosquito é mito, o sol é lua e as nuvens são trampolins de modas sem tampa ou esgoto.
Nas águas correntes, invisíveis para o já estabelecido, ciências profundas e sem crenças desfilam na imensidão do azul adormecido, em lençóis amarrotados pela fauna carnívora e em pseudo-camas, pousadas em pseudo-pássaros, de barbatana e olho clínico, com óleo de picantes traumas e ideias de marés solúveis em transtorno milagreiro.
Os profetas que questionam, açambarcaram todas as regalias provenientes da barba que teima em crescer e o povo que segue, que segue sem povo, povo continua na povoação do raio que cai, naquela linha da fronteira onde o imaginário destrói e a realidade se pacifica. É a guerra da paz. É um Sussurro que quando não se ouve prova que existe. Em caso contrário, não é mais que uma gota ou mais que a escama de um arsenal sem armas. O pudor de um Santo que anuncia e espalha tal crença passeia de mão dada no esquizofrénico estudo da condição sensorial. De mão dada quando beijada pela solução encaixada no poço da virtude sem cor. De mão dada ao questionar do Plano.
O tempo e linhas, as unhas e o cabelo, a sedução de planeamento cáustico e sedoso e até mesmo o piano que de manco se intitula assassinam a rua assassinada. Matar por matar origina devaneios que em forma de perna se mostra mas matar por duas vezes não origina mais que um duplo movimento técnico esclarecido. O céu é limpo e o esgoto povoado. Povoado pelas chamas da questionabilidade interpretativa que a gravata recortada enfeita ponto por ponto. Ponto. E rezar a deuses ou pedras, a olhares ou escritos sem caras é o mesmo que escolher o atalho do que não se ouve. À prova de Sussurros é o Plano, à prova de questões que certamente se alimentam de suposições terrestres são as suas leis mas as terapias de canoas remadas, essas, são prova que não é uma maré mas sim, e pelo tacto da língua enfeitada por diamantes de dúvidas, uma nova alínea de petrificação transpirada. E enquanto se transpira, a profecia prevalece e o murmúrio deita-se com o Sussurro de quem se apresenta respirado. É o cimento de marca com decreto que manca, são as guerras da paz com lei governada, são, para o efeito da dama guerreira com travessão de plano assente, as guelras santas com escamas questionadas.
Insolência Casual
A fraude do suposto efeito dos Sussurros dentro do Plano não é descoberta na realidade apresentada na ponta da lança guerreira. Nem tão pouco é eficaz na clarividência da transformação pós-murmúrio. O Plano rege e dita continuamente as suas leis. Pouco o abala, pouco o altera e muitos tentam derrubá-lo. Não importa o porquê, não importa se a manta rota se cose ou desdenha, não importa se o número é letra ou se a letra é chuva. Nem tão pouco importa se a perna é braço ou a língua é pé. O odor estremece da mesma forma quando gritamos qualquer um dos nomes. O mesmo odor que agora se revolta contra Sua Majestade O Plano. O arame das entranhas, o peixe do respiro sem ar e até o alimento pintado de zul são insolentes bravos do castigo futuro, o mesmo que passará da garganta celeste para a unha universal sem que o pio da categoria sensorial se ouça nas virtudes armadas de lanços visuais. As escamas questionadas invertem o sol e a lua mistificando a solução de carta em punho, sem selo, sem envelope e sem saliva cuspida por dragão invisível ou mosquito fulo, este, ainda de gravata marcada e alucinada, carregando nas asas o mito que originará uma previsão sem cor ou atalho, condenada a cair no abismo dos trocos sem caixa.
Nesta fase, o jardim da discórdia enche. As ferramentas do Plano param os Murmúrios e os Sussurros, os profetas desistem (assassinados pela pestana do agrafo) e os santos recolhem a seus aposentos terrestres (amarrados nos claustros da vaidade extrema de um Plano quase com Verso). Para espanto ou talvez não, as próprias ferramentas aliam-se e de pernas dadas discordam na concórdia de discordar. Seria de esperar uma onda avassaladora a cobrir a rota do Plano, seria de esperar laços quebrados e vidros quentes partidos e estilhaçados, ou até mesmo, o enterro natural da pata vindoura. Esta insolência sem meta definida ou cigarro queimado atribui um esconderijo de cabana em maré ou de gruta reluzente aos pergaminhos originais do audaz Plano. O mosquito engravatado é agora sola da perna que galga o desvio da masmorra situada na coroa do jardim. Masmorra no conceito, pois na sua mais angular mestria é, sem dúvida, o palco fulcral para a luta contra estes insolentes aspectos construtores, alicerces originais, ferramentas dúbias, da veracidade futura da carnal ideologia de um Plano quase com Verso, na cópia edificadora.
A casualidade do jardim não é nariz enrugado ou orelha de cimento. Não é lápis sem sítio ou cadeira horizontal nem tão pouco a destruição de um elemento nu. É, com as rugas de pavio em fundo, ao som do piano manco, a contracapa do Plano, é, com jejum de surpresas e riso utópico implantado nas varandas da verticalidade, uma alínea que se alimenta de uma previsão descalça e de teia em riste onde só o mosquito engravatado e aprumado, não cai. Em suma e sem prepotência de calos refinados, o jardim da insolência abraça o silêncio de uma casca que se desenrola no cobalto do Verso sem casa. Verso esse, infiel, sem telhado e sem ponto com ponto num retorno à normal edificação apetrechada por um fato com nódoa de cenoura azul. É o falhanço e a derrota numa convulsão com
detergente de alíneas testadas e vitoriosas. Com perna de respiro. Água, para que te quero!?
O Juízo da Pegada em Jejum
E é com sons de alarmes em rotas passadas, com momentos definidos em azuis descalços, que o Plano inicia o fim do seu sorriso vespertino. Abraçando a régua natural de gastas solas, rompe campos e aldeias abafadas, celeiros de cobaltos e cobaltos de óleo arregaçado para no alto, agora, de seu trono empírico, regozijar a linha mestre, perante súbditos desenhados nos alicerces petrificados e boquiabertos com a falha total de seus sussurros e insolências. Se no contrato existencial, carregado com pegadas fundamentalistas, carregado com brincos de osso falante e de pérolas de unhas mal cortadas, tivessem as pestanas emprestado, suas bocas, das entidades e figuras usadas e muitas vezes abusadas, não iriam criar o odor do espanto nem tão pouco o buraco negro da surpresa azul. E é no azul, trabalhado na cave da agonia e sabedoria, delineado no pátio cercado por mosquitos engravatados e aplicado no chamariz dos ganhos por falhar, que reside a linha da mestria, onde os chinelos únicos e suaves do Plano se guardam, misturando-se incessantemente com o ar gélido mas melodicamente capaz e sobretudo audaz. Como um espião, um encapuçado de risca ao meio com navalha por espada e com a mágica tarefa de em água se mover, reluz em todos os propósitos que assombraram o Plano. A falha é apenas e só, uma falha, resume-se assim a última linha, rasurada em cinza de moribundo e sublinhada a azul de destino profundo.
Neste momento, os pontos reúnem-se em convulsão, definem o número de guerreiros que ainda caminham, seleccionam uma e só uma das pegadas e…tentam… por uma última vez. A escuridão realça a luminosidade desta tentativa que em hora exacta, com ponteiros de lassidão universal, treme, no juízo lançado, com liames de cintura fina e saltos rotos, com papéis dobrados nas costas dos versos e com suor de etapas iniciais hospedadas em alma que não sente. É o respiro sustentado, é o respiro, que com cobalto de coberto, alcança os falhanços incrustados e sem sabor nos pergaminhos do Plano ou até mesmo nas nódoas da gravata do mosquito pseudo-Deus.
O Jardim da Insolência denomina-se agora o Jardim Ajuízado onde tudo e todos, transformados em tapete azul e num jejum abominável de ideias, visualizam não o inicio nem o meio nem tão pouco o fim. Visualizam o que sempre esteve traçado, em roupa interior com ponto final ou com magos de reserva para em memórias rasurarem.
"A Errata de Sarar Magos"
Biografia de Errata
Errata nasceu na vila de Azelha, concelho de TintaNegra, no mundo imperfeito e acostumado de Martírio, situado a dois dedos-luz do planeta, seja ele qual for, que nos encontramos. A sua vida é passada em grande parte em cima de uma árvore, juntamente com pássaros que tinham medo de voar, para onde a família se muda em 1923, nessa altura, era uma estranha qualquer coisa de apenas dois anos de idade. Dificuldades em entender o porquê de estar numa árvore impedem-na de se definir como uma outra qualquer coisa, sendo assim, interessa-se pela verticalidade cultural de sua nova casa e estuda-a durante anos a fio. Essa curiosidade, chamemos assim, iria acompanhar Errata até à sua morte.
Formou-se na Escola Superior de Vidros Partidos, situada na Igreja da Misericórdia da Montanha Incógnita, famosa por nunca ter sido descoberta. Este facto valeu a Errata o seu primeiro emprego, Guardadora de Montanhas Que Nunca Ninguém Viu. Fascinada por erros, visitava, quando o Planeta Martírio adormecia no colo das cenouras azuis, as margens dos rios literários, que percorriam esse mesmo planeta. Donos de correntes extremamente fortes, pertenciam-lhes os chinelos de algodão que galgavam o liame cultural existente.
Aos 24 anos encontra o seu primeiro erro, na margem do Rio Azul, no mesmo ano em que é inventado um engenho que permitia o transporte para um outro mundo situado até…dois dedos-luz, fruto da capacidade tecnológica e cultural do mundo em que Errata vivia. Invenção Maquinalmente Artificial Girando Inter-Nação (I.M.A.G.I-Nação), de seu nome e muito popular por terras martirizadas. Depois de encontrar o seu primeiro erro, Errata, encorajada por tal feito, apresenta a seu empregador dados que supostamente davam conta do local exacto da Montanha Incógnita. Errata estava certa e consequentemente, visto que não encontrou erros nesses dados, é demitida de Guardadora de Montanhas Que Nunca Ninguém Viu. Contudo, persiste, e dezoito anos depois, chovendo doutrinas lacrimejantes e insossas, infiltra-se na Estação “Engenho Que Permite Transporte” e embarca na jangada das 26h13m. Quis o destino ou algo semelhante que a jangada de cal pousasse em cima de uma árvore em nosso planeta, seja ele qual for, precisamente às 26h14m. Errata resolve dedicar-se à procura de erros até ao fim de seus dias.
Errata vagueou no infinito engravatado que cobria as terras sujas e gastas. Assimilou o novo mundo, casando-se com Imundo, disfarce engendrado e de solução prática para passar despercebida, algo que no futuro, tal facto, não se acomodaria a sua personalidade. Disfarçada, tentou encontrar erros. Não lhe foi difícil, conseguiu. Os erros pulavam de metro a metro, existiam como grãos de areia num deserto. Mas não eram esses erros os desejados, antes aqueles que faziam pular. Mas a mais valia, o pormenor que a destacava, era o seu modus operandis, a forma como procurava e encontrava os erros. Criou e fomentou sua estratégia, que por sua vez, usou Errata para a moldar à sua imagem, uma estratégia que levantaria um elefante em viagem apenas e só com o conceito da mesma.
28 anos depois, após vários erros congelados e divulgados, Errata não se satisfaz nem satisfaz. O aperfeiçoamento de sua estratégia continua e essa lassidão parecia não ter fim. Num tudo ou nada, num desespero de queimar suor, Errata conjuga toda a aprendizagem, mascara-se e decide procurar um Erro, de letra maiúscula. Corajosa mas hipócrita, eram já muitos anos em nosso mundo, seja ele qual for. Sendo assim, com armadilhas e camuflagem dignas do mais animalesco dotado, encontrou um Erro que permitiu marcar toda uma geração de erratas. O pecado foi seu alimento.
De 1979 a 1990, Errata encontra mais 3 Erros. Os mesmos referiam-se a um pássaro com medo de voar, um papel e a uma negatividade explícita na consciência humana. Anos depois, entre 1994 a 2004, encontra mais 5 Erros, todos eles relacionados com o porquê de não vivermos em árvores durante a nossa existência.
Errata faleceu a 20 de Agosto de 2011, aos 86 anos de idade, em sua casa onde residia com o seu marido Imundo, junto ao rio, vítima de procura crónica. Errata estava doente há algum tempo e o seu estado agravou quando um Mago, dono de um Erro que Errata procurava e desejava, lhe prometeu por vias mágicas, sarar sua doença, se não mais o importunasse. Errata, vertical artificial como já se tornara, rejeitou e como se não bastasse aconselhou o Mago a usar suas intenções e supostas mágicas nele próprio. O Mago reagiu. O que se segue é essa mesma reacção, a Errata de Sarar Magos.
ERRATA DE SARAR MAGOS
Na plenitude da calma, conceito entrelaçado na memória descalça, rege quem vidro de reflexos sinónimos usa. Rege, quem vidros de trapos limpos abusa, e rege, quem vidros de liame vibrante limpa. Liame como corda bamba da significância real que tropeça na realização universal da conquista irrisória do natural, burguês comum desta história.
TENTATIVA FABULESCA EM SURREALISMO CURADO A METRO
Errata ficou conhecida por utilizar uma estratégia quase hipnotizadora para alcançar os seus objectivos. Aplicando-a na tradição popular e nas vias de comunicação regia as indicações sensoriais que poderiam resultar onde Errata galgasse. A persuasão exaustiva e o estilo interventivo em tortura personificada estavam presentes na roda viva da elegância em armadilha. Utilizava linhas e letras despidas mas todas elas em transe, aglomeradas, de forma a resistirem a qualquer tormento e conceito voador. Eliminava poeira e desgaste, tradição e ouvidos e criava um diálogo absorvente no verbo “impregnar” sem conjugação. As vítimas, erros desfavorecidos e por vezes mais que distraídos, ao avistar a armadilha entravam num estado de fantasia e sensibilidade benigna que as cativavam ainda mais. Não existia realidade absoluta, quase… As armadilhas ocupavam campos e campos de milho entrelaçado no audaz propósito e no desfeito conceito sem peito ou leito, aliás, só o desrespeito marcava um ponto. Não se sabe ao certo, mas houve relatos que uma só armadilha teria ocupado todo um país.
Estas características tornaram Errata única no que diz respeito à Procura de Erros, sendo considerada por muitos dos seus aspirantes e seguidores de mestre. A Madrinha dos Sonhos, professora de Errata na Escola Superior de Vidros Partidos, confessou anos mais tarde que Errata era “a mais talentosa errata dos dias de hoje”. Errata mandou-a à merda, Errata não necessitava de ouvir o que já sabia ainda estudava ela a verticalidade cultural de sua casa e muito menos de alguém que ainda habitava no Planeta Martírio. Errata sabia que era a titã das erratas, sabia e tinha esse facto entranhado nas veias sedentas de erros, o que por si só a transformava numa máquina irrepreensível.
A vida que dedicou à Procura de erros foi acompanhada de muitos sobressaltos devido à forma como actuava e as suas opiniões, a maioria num sentido muito critico e destrutivo, foram alvo de acusações de diversos quadrantes deste planeta, seja ele qual for. Actuando independentemente, sem nunca se associar a qualquer movimento errático, embora simpatizando com alguns de iguais características, Errata apelou variadíssimas vezes à guerra e à fome. Apelou consecutivamente à vingança e à destreza de uma violência que ditaria a construção de seu império neste mundo, seja ele qual for. Criticada e abandonada foi, mas houve quem a ouvisse e tentasse. Falharam. No entanto, era nesse momento que se começava a notar a influência de Errata. Astronautas já conheciam façanhas de Errata. Velhos e novos, gordos e magros, cultos ou não, a tremedeira por medo ou idolatria era uma rota obrigatória.
Em 1997, Errata e com o seu marido Imundo a seu lado, é distinguida com a “Armadilha do Ano”, prémio que coroa não o que o nome quer indicar, mas sim, coroar e qualificar a melhor campanha publicitária. Nessa altura, recapitulando, Errata era já a Errata das erratas, insultava e insurgia, falava qualquer língua mais espanhol sem necessitar de água potável, estalava tremedeiras e a “Armadilha do Ano” estava em sua posse. Errata tinha uma sombra enorme, enorme, enorme… segundo o Evangelho dos Pássaros com Medo de Voar, figuras ímpares da escrita contemporânea desse tempo.
Eximia na Procura de erros, mestre na procura de Erros, Errata tornara-se um ídolo mas com uma oposição feroz. Laím, líder dessa mesma oposição e numa tentativa desesperada de cercar Errata lançou um novo Ser para a descredibilizar por completo. Possuía todos os nomes mas chamou-o de Mago. Movia-se numa jangada de papel que por vezes esvoaçava no horizonte do superficial quando a humidade do desejo intemporal abraçava o tempo e o espaço. Este ser, Mago, destacava-se pela anormalidade do poder que possuía. Com resposta apenas a seu líder, Laím, tinha a missão de tentar Errata pois nem mesmo ela escaparia da morte. E foi com isso em mente que o Mago, em azulejo azul e cristal invisível bufou para a pele enrugada de Errata. O trunfo do Mago, esse, era o Erro. O Erro Final, O Erro que causaria a coroação para sempre única e irreversível de Errata, se o conseguisse obter. Tornar-se-ia a Rainha das Rainhas, tornar-se-ia as margens de qualquer rio em qualquer planeta, em qualquer situação, com liame ou sem liame, com montanha ou sem montanha, com Laím ou sem Laím.
Cerebral, de chapéu em horizonte, branco como a nuvem em sorriso póstumo e de Erro afundado em bolso de malha tresloucada, o Mago, sem hesitações ou rodeios e sem letra frustrada apresentou-se a Errata, esta, num estado debilitado devido à doença e à idade avançada. Errata sorriu, não se surpreendeu com tal sujeito, com tal ser e num intimidatório olhar percorreu unicamente, exclusivamente, o bolso de malha tresloucada como se brilhasse ou gritasse que ali estaria o Erro pelo qual toda a vida esperou encontrar. Avisado e programado a rigor com a hostilidade que iria encontrar, o Mago, como que em piloto automático, joga com o que pode jogar e lança em forma de espeto nu e cru o desafio pseudo-sábio que Laím por ele enviou, sarar sua doença em troca da Procura do Erro Final. Lançado e conforme percorria o caminho até Errata, o espeto nu e cru transformou-se num longo mar de cinzas com ondas de retorno simétricas. O espeto nu e cru, para uma não fria surpresa do Mago, sofreu o que Errata se especializou ao longo se sua vida. A tremedeira era espectadora atenta a todo este episódio. Fumava charuto de perna cruzada e de boné às riscas com palito no canto da boca recitando Bocage em tirania dormente.
Após a transformação do espeto nu e cru, já o tempo escovava sua barba longa e já o espaço criava limites. O Mago e Errata encontravam-se frente a frente, no limiar da resistência. Centímetros os separavam e centímetros os uniam. Errata não entendia o porquê da frieza do Mago, afinal ela era a Errata das erratas com o “Armadilha do Ano” em punho cercado. Ele, o Mago, e para ela, era apenas mais um entrave, um pormenor na Procura de Erros, algo facilmente ultrapassável.
A tremedeira acende um outro charuto. O boné era já homogéneo e o palito era já uma árvore, sem habitantes. Errata está cada vez mais doente. Os óculos apertam e quebram, as rugas fomentam a escuridão de sua face e até o nariz ouve em vez de cheirar. O Mago encontra-se também doente mas de desespero, de alarme constante perante o desafio que carrega. Não ouviu um “não” ao desafio mas percebeu que o era. A fragilidade que persistia em se demonstrar no Mago enquanto o Erro Final gritava no bolso de malha tresloucada permitiu a Errata perceber que ali estaria um momento onde poderia ser finalmente coroada. Sendo assim, artilhada com sua estratégia e vertical artificial, movendo armadilhas que os cercavam desde que o tempo é tempo e num assombroso movimento, retira o Erro Final do bolso de malha tresloucada do Mago, apaziguando-o prometendo-lhe que o sarava de sua fragilidade, à qual nunca esteve programado. Carregar um Erro que grita constantemente não é tarefa fácil, seja para quem for. A tremedeira desfez-se à tona, o chapéu em horizonte caiu e a fragilidade tornara-se um mito. Numa exaltação devoradora após ver o Erro Final e de olhos nos olhos, Errata profere as suas últimas palavras que o Mago, com um sorriso eterno e vitorioso já vestido e de um porte só alcançável pelos mais fortes, ouve: “Vai-te foder, Imundo…”.
ERRO FINAL: TRANSCRIÇÃO EXACTA PONTUADA E CURADA DE IMUNDO
Assim começo, com lassidão de arame e flamingo de pata calma, em rima de Bocage e palhaço em gala trajado, a descrever-te o que irás ler um segundo antes da tua já espera morte. Um segundo que será próximo de uma eternidade para quem estarás a olhar fixamente com o intuito de te tornares naquilo que desejavas assim que te vi na jangada de cal proveniente de Martírio, um mundo que nunca conheci. Não guardo ressentimentos por nunca mo dares a conhecer nem tão pouco por nunca o mencionares. Fui teu disfarce e tua orelha, tua máscara e tua cama, fui caminho e fui atalho mas neste momento serei a foice. Ceifarei teu sonho.
Traição lhe poderão chamar, mas na cinza tic tac do organismo da razão aliada à vertente pum pum da molecular invasão, saberás apelidar verdadeira e correctamente o que te faço. Eu sei, tua sombra sem sombra fez com que a minha fomente esta ideia. Num passo destruíste e num outro festejaste com o que destruíste. Pulaste por entre navios conquistados, já com a tua bandeira de pirata dos erros saqueados hasteada e limpaste o nariz à tua ambição, num gesto sublime, só comparável à funcionalidade das tuas inseparáveis armadilhas. Regozijaste com o saque e entupiste réguas de esquizofrenias e livros de pseudo-mártires com o meu chapéu, aquele que me ofereceste, apenas e só para me ofuscar na entrega do “Armadilha do Ano”. Escreveste sentinelas de causas e nuvens de arrufos num só toque suspirado, enquanto barateaste a pele natural que adornava teu esqueleto metálico e já automático. Nunca encontrei um botão. Criaste árvores e ligaste misturas de possíveis enredos funcionais à tua vivência enquanto fumaste a transpiração dos que, hipnoticamente, te veneraram. Açambarcaste o podre da maçã e chamaste-lhe de pêra.
Não me julgues pela aliança a Laím, não recues no teu ideal. Não ignores a solidão de teus frutos nem apunhales a tua já fraca percepção inconsciente. Deixa-te levar como eu me deixei levar. Figurei em tua história e fui protagonista debaixo do teu mar possesso. Na montra da invisibilidade permaneci, sereno, com escrúpulos de matar ódios e com lápis de desenhar paciência. E foi nesta parola e idiota estrela que me deitei a construir, pedra a pedra, caco a caco, o Erro que te ensinaria, apesar da contradição, a viver. O Ano da Morte de Errata, a História do Cerco a Errata ou até mesmo o Ensaio sobre Errata eram capas, não para o teu sonho mas sim para o meu. Cozinhei entrelinhas as manjedouras do odor que causaria repulsa entre mentiras. Na tormenta, sem razão, espalhei a sensação do riso e da carteira em couro artificial. A borracha, instrumento louvável na perseguição inter-planetária, desapareceu, num bolso ainda mais louco que a névoa de carregar ao colo. Adormecido, o mesmo colo, e quente como lava num jarrão de museu, apaziguou teias de pegadas movidas a ideias concebidas a dedos-luz. Conduzi exércitos de óculos escuros e até partidos por entre os atalhos que defini para não te perder de vista, para não me perder de vista. Os guerreiros que o compunham, errantes principiantes, transformaram-se em brincos, os mesmos que te oferecia, os mesmos que usavas nas brilhantes e vistosas armadilhas, que assim eram depois de funcionarem. Rematei para ponto e saiu vírgula. Como poderias tu lidar com o que não conheces quando acima de tudo estava o que querias? Falhei, é certo. A ignição que me propuseste, a teia de propósitos unidos e absorvidos por um só ideal, o teu, resultou, até certo ponto. O tal ponto que saiu vírgula. Hoje, agora, enquanto te admiras e desfaleces, torna-se ponto de exclamação.
Poderoso aliado, Laím. O que me pediu em troca? Nada! Pediria tudo e seria muito mais fácil. Em sua caverna, na intermitente agonia do consciente, propôs-me o que tu, Errata, nunca sequer consideraste, unir-nos. Desviaste preto do quotidiano e mexeste óleo em vez de ar, pernoitaste na impureza e acordaste na sujidade. Lambeste causas de bandeira duvidosa e acariciaste a mesma dúvida enquanto entornavas ouro sobre o teu sonho. Sublinhaste podres e manteiga azul sem nunca te lembrares da cenoura, riscaste-me de tua lida e absorveste a essência do egoísmo. Na tua caça te fixaste e em teu queixo rogaste pragas em virtude semeada só para que o teu nome fosse dito de forma sublime quando espirrado pelo pavio da questão moral e receptiva a outros… a mim. Não doseaste o entusiasmo, nem uma migalha de migalha soltaste em nódoa para que sentisse uma destreza mínima em conforto pessoal e recuaste quando te pedi o cruzamento da pestana caída. Oleaste a esperança, a minha esperança, tal como fizeste à corda ou martelo, à arma ou à água, à pedra ou à caneta…
Irrisória sensação me transmitiu. Um silencioso odor de marfim solitário em carne crua, em carne de mosquito abandonado em cativeiro soturno sem movimento prioritário… um exemplo desconexo. Que obsessão a tua! Falharás deitada em sua cama, coberta com a tirania que tu própria ensinaste a teus inimigos e com a tua mágica armadilha penetrada na automática reacção de um ser que desconheces. O teu sorriso será a tua surpresa e o teu túmulo um santuário à ironia de teu sonho, visível a dois dedos-luz. Eu, Imundo, de alma dada e saído do bolso de malha tresloucada, lá estarei como assim sempre serei, o teu Erro.
"Chaviera"
Na geometria negra das palpitações constantes e sedosas de uma conspiração calculada, forma-se o ardor de uma melodia social. Outrora, em tempos não há muito passados, o piano manco e rugoso, selava portas de horror e medo. Destrancava outras que tais mas para percorrer liberdades distantes, que porventura, poderiam açambarcar lagos e poças de destinos prováveis.
É um paradoxo, esta ribeira de detritos, este mar de ideias sedutoras mas que não passam disso mesmo. As construções, assim denominadas por vaidade, em relâmpagos se transportavam, espalhando uma boa nova semelhante à apaziguante caída num abismo. As redes de protecção, furadas, rotas de segurança, riam-se sem controlo e com uma barbaridade tal que a competição com o abismo era rotina presente na pele de quem simplesmente apenas olhava.
As pedras, excelentes condutoras de carácter, prestavam tributo umas às outras, movendo fronteiras irreais de um vale para o outro. As ervas daninhas, alaranjadas, cuspiam mordidas de matemática pura, somando assim as peculiares e estreitas sensações de fome perante adversidades futuras. A névoa, de chinelos calçados e de remela em punho, galgava a sujidade dos pensamentos que ao abismo chegava. Bons, maus, construtivos ou calamidades e afins, todos eles se reuniam e tinham um lugar-comum.
Chaviera era redonda, com músculo no pé esquerdo e rugas no queixo. Chorava a um quarto para as oito e parava a cinco para as nove. No tempo restante, contava uma história, a qual era real e que desprendia a atenção a todos os outros seus cálculos e movimentos.
Real, mas não verdadeira, era assim a lógica Mentira da Chaviera…
Chaviera desmembra-se literalmente sem peculiares actos ou características que a poderiam relaxar na constante e monótona energia sugada na pigmentação artificial na social e utópica rota do conceito do correcto. Divide-se melodicamente nas entranhas de um destino improvisado para provar a si mesma que a estreita caverna dos segredos existenciais tem potentes holofotes coloridos, enfeitados com luas de sensatez e relaxamentos profundos, estes, pousados na rocha castanha e seduzida pelo vaguear do esqueleto branco e leve como a unha verde de uma carruagem antiga.
As pernas de Chaviera banalizam a luz e a sombra enquanto se auto-intitulam de pesquisadores úteis e fulcrais ao desenvolvimento de filosofias futuras. Mais, banalizam os corpos que reagem à paisagem negra e funda onde fármacos não terrestres se queixam do musculoso olhar das veias castradas. Nas queixas, a ordem de uma bolacha reina, enquanto as migalhas se isolam nas necessidades vocais dos soluços que se emprestam nas pautas de um chão calcado pela ligação mão/pé. Mão/pé é a construção essencial ao riso de Chaviera. Só assim ele nunca aparece.
No conforto enérgico da transparência, linhas esquizofrénicas moldam texturas arrepiadas por brancuras paralelas que endividam lábios carrancudos. No temperamento que resulta disso mesmo, dedos esquivados cozinham na panela questionável, feitos que alicerçam a melodia castanha. Entre troncos de saudades e de feridas não saradas, o choque é profundo mas visível à tona, no corpo da Chaviera. Pedaço a Pedaço, marca a marca, o sorriso engole, abocanha o sonho.
Chaviera não sofre, apenas se desmembra. É uma lei, estabelecida pelos rituais que fomentou, desde a mentira ou a verdade ou apenas a casualidade ou o destino. Sem costuras, original e perversa só para ela. O interior é desconhecido, sendo revelado uma mistura psicológica que enternece o pavio da bomba amorosa.
Maneio das cascas varridas.
A sede é um estado fictício e barato. Assim dita a última mas não menos importante lei de Chaviera. A água é uma linha contínua nos horizontes onde se encontra mas formada por variações sólidas. Chaviera repete as palavras que gosta, apercebe-se do que significa, reencontra-se e volta ao inicio. É atraente para ela, pertencer e corrigir círculos, muitos fundados por ela, e desabafar gordas gotas de solidez precária. Desabamentos altruístas são questões pessoais que não podem de forma alguma gravar-se na tábua. Dessa forma, a chuva, apaga letras e destrói frases, caindo do chão e dançando incontrolavelmente como forma de maneio às cascas varridas. E de cascas é a chuva.
Desmembramento Ritualizado Com Achegas I
“De formigas em riste, colocou lá a mão sangrenta e estúpida, sabotou a escadaria para a carruagem que a seduziu e entre cenouras azuis, vestido a rigor com o seu pijama voador, calcando os formigueiros aborrecidos por lama imperial, derrotou o piscado de olho com um só piscar. O reino está a salvo. O quantitativo ninguém decidirá a não ser ele próprio. Que susto para os mosquitos moribundos. O redor perdeu.”
A mirar o longínquo tropeção da facilidade, rejuvenesce a odisseia do equilíbrio, fustigado por balanças incolores e trapezistas. Outrora, no adeus da liberdade, convocaram-se olhares terrestres para conjugar o corpete da vaidade, o corpete sujo e alienado de boas memórias. Os mesmos olhares, castigados pela lua andante e boquiaberta, emprestaram-se de sorriso aberto à maquiavélica distracção do incolor. Pinceladas absorvidas pela animosidade contrastaram com os tumultos que a situação provocara. Jaz em mente aberta, esse tal rejuvenescimento mas é mentira quando se auto-proclama de sossegado. No sossego sim, qual habitat natural qual quê, obedece às regras estranhas do alcançar alicerces fumados e irrequietos onde a esperança não é mais que o cadáver espinhoso da não verdade, e sistematiza, programa o esplendor da destruição que provocará.
Que lindas rosas e flores amarelas com as joaninhas… Porra!!! Até a melodia do guarda-chuva encobre o sol. As faces colam-se enquanto os pássaros vestem o uniforme, o canal é feito prisioneiro e a água transforma-se em areia. Mira-se agora o tropeção da facilidade como se as pestanas fossem… tão perto está que quase faz parte de um qualquer corpo. Agora sim, equilibra-se o equilíbrio. Quebram-se relógios e balanças, o trapézio é a visualização da não mentira. Jaz em mente aberta, esse tal rejuvenescimento que proclama o desassossego.
Desmembramento Ritualizado Com Achegas Várias II
“Ontem percorri a insignificância da melodia mal cheirosa. Mal formada, sem educação ou corrosivas fendas de exactidão moral. É muito escuro o caminho, sinuoso, sem atalhos esplendorosos, sem montanhas de vegetação pulmonar acrescida à respiração sem infâmias. Sem terra por calcar, sem gente com mente por dente, sem regras… Quase um labirinto, mas com uma saída fácil de encontrar. É o paradoxo da sociedade lá criada, num mundo pertencente a um caminho. Utópico? Rotina! Sendo a saída fácil, vive para contar que a entrada é obrigatória. Não há escolha. Ou se entra ou se… entra. A possibilidade de acrescer conhecimento é praticamente nula e mais objectivo não é porque uma vez por dia é mais que suficiente.
Os pontos finais das situações enquanto se gastam as solas transformam-se em reticências que não vale a pena perdurar na memória. Causariam falhas irreversíveis na formação como ser, como algo de causas e valores, adjacentes à enorme vontade de conquista. Essa, presa pelas garras de preguiça, pelas garras da melancolia e ainda pelas narinas da hipocrisia emocional. Relançado o odor, de miolos incandescentes, de sobrancelhas apagadas, resta a causa de bater mais no mesmo. Enquanto bater será uma coincidência, se baterem será uma ideologia. Mas que argumentos são estes que aleijam os dedos dos pés? Não vale nada essa balança!”
Na suavidade das gotas despejadas por Chaviera, cresce a energia e a altura que porte dará à sua eminente explosão. As caudas do prazer roçam o despertar de uma tábua calculada por químicas adjacentes à rasura de sua existência. Chaviera passa em passar-se, na tranquilidade de sua dislexia corporal. Sem engenhos, sem artefactos artificiais, apenas e só com o seu ar de facto real.
Chaviera observa sua sombra. Irrequieta enquanto se cola às distâncias percorridas na provável razão de chorar e rir. Corre e percorre sensações que darão azo a melancolias esfregadas na solidão mental a que se acostuma enquanto tropeça na gota irrisória do tapete engatado. A sombra não é mais que sua expressão, apenas se lhe acrescenta o bigode do atraso e do verosímil. Aliás, características que lhe penteiam o cabelo na forma entrelaçada com o ar respirável mas habitado nas pedras e cavernas azuis com cola-cola.
Desmembramento Ritualizado Com Achegas III
“!?”
Escrito Ardiloso Com Fundo De Jagodes I
“ Mudei o nome para Risco. Concentrei a culpa na tua insatisfação. Respirei o lógico da tua existência e sobrevivi na imaginação perdida de duas asas provenientes de uma partida já há muito calculada. Matadouros de felicidades exprimi ao infinito e nada resultou para que também tu mudasses o teu nome.
Insignificante toda a destreza e vontade que impingi a teu favor. Insignificante o som reproduzido na tendência de teu riso que gozo ampliava nos meus olhos. Magia procurava para alcançar a resistência das palavras dirigidas, cobertas de bolor, de chocolate rasurado e de Invernos cavernosos onde os esqueletos de vaidades dançavam com a luz de sobressalto. Era o esplendor de música ainda por realizar assente numa pauta ténue e abrupta. Mas nem magia nem a pura da realidade, diz-se que necessária.
O porta recados absorve toda a mentalidade de um coração à venda, que nada obstrui, que nada assusta, nem mesmo o suspiro que se suspira no relaxamento de um esquecer comparado à moeda de troca que tropeça na saca rompida pela unha estrelar que se pinta com pincel de mármore. No recanto, o porta recados destrói, desfaz, faz com que desapareçam as gavetas do idiota e do génio. É num meio, numa época de loucura e solidão, com pergaminhos de fome mental, que surge a malvadez aliada à necessidade de uma dor exacta e pontual, pontuada ao ponto de pontificar maldições condizentes com o azul do inferno branco que dura e dura, sem parar de durar. É duro durar. A estrela da paciência esgotou-se ainda antes da meia-noite. O reflexo pacífico do silêncio que se espera, atrai figuras incontrolavelmente redondas aos olhos da incógnita vivência de uma qualquer construção.
Sem tectos, telhas ou estuque de sobretudos azuis, sem pijamas ou ancinhos, sem meias rasgadas ou portas mal fechadas, o piano destrói a tecla fraca, a mais fraca. A selva da melodia traduz-se no instante em que o desejo atrai mosquitos de gravata em punho, nobres de pseudo-moralismo e peganhentos como cobras ainda por acordar. Sem pés, alcatifas ou tapetes, sem malas ou enfeites, sem tecidos oportunos para cobertas ideais, sem sacos rotos ou canetas amareladas, o piano constrói a tecla forte, a mais forte. A selva da melodia traduz-se, também, no instante em que a pena da escrita voadora entra em cena. E que cena.
A balança está pronta. Desde que o tempo é tempo e o espaço é espaço. Lado a lado. Passo a passo. Seguros pela rede que zela pela igualdade, esses instantes encontram sinal vermelho. Em momentos, para não lhe chamarmos instante, uma vez mais, o sinal transforma-se em verde enquanto se cospe a justiça e, num acaso (!?) de magia, lá está, a hipocrisia sem rede é a tona do desenvolvimento social, é a cena… ”
De gorro em punho, chocolates em defesa e tormentos avassaladores, críticos espaços de melancolias invadiram a imaginação de Chaviera. Na hora do choro, cristalinas seduções irradiavam com alegria, sem pudor, a arte colorida de um cinzento. Ela não se importava com a invasão. Finalizava a sua rotina e tomava o chá, quente, a escaldar, sem se importar minimamente com as escolhas que lhe faziam. Não se sentia incomodada com absolutamente nada e isso, para cúmulo dos cúmulos, até a arredondava ainda mais. Um sorriso matreiro espreitava.
De queixo pousado e cheiro inesquecível enganava os transeuntes de seu instinto. Adengava pormenores que seriam inevitavelmente sujos e rugosos. Calcava uma tentativa, escolhida a pé, torneava salgados em doces, relançava ideias passadas no vindouro de seu leito e quando chegava aquela hora, chorava. Marcava a vermelho, com exactidão de profundezas maltratadas, o momento. Mais vermelho ficava com a mistura alaranjada da sopa que no abismo distribuíam. Mimos aparecem a qualquer hora. Relaxam no seu enorme corpo, como que desenhados pela miopia das castanhas que tendem e insistem a rabiscar qualquer tonalidade que desafie o arco-íris da imortalidade. Não, não era! Aquela de que se padece e não a que se sonha.
Não existe qualquer pressa em deslocar emoções. Estão presas em órgãos que estão sós. Sem trilhos, sem cascas protectoras, sem cálculos de rajadas presunçosas. Não há liames, finalmente… o que existe? A vontade. Apregoada continuamente, na certeza irrisória de uma unha mal formada mas com experiência suficiente para levantar obstáculos… que não existem. Chaviera sabe isso, melhor que ninguém… É dessa forma que o sorriso matreiro se alimenta, do conhecimento oportuno e experimental, que relaxa em suas ondulantes faces de seda que pernoitam na mentalidade automática e pontual. Não há forma de lidar com a semelhança entre pontos que a preenchem, mas há forma de se juntar a esses mesmos pontos questões ansiosas por se desmitificarem.
Escrito Ardiloso Com Fundo De Jagodes II
“ Milhares de estilhaços depois, o reluzir de sua aura volta a aparecer. Quase que vinda do nada. Estarmos juntos, pesquisa a frontalidade e fortalece a ideia de que a mentira em breve roubará a verticalidade que se apresenta como bandeira do que se é. Para já pouco importa, o interesse está no olhar e no toque, está na vontade de agarrar e suspirar, não para elogiarmos uma ou mais vidas mas antes para enganar a excelência da vivência que assalta constantemente. Consegue-se, iludindo a própria mente por momentos, com rotinas de calos incorporados e com chantagem que explora as pernas esguias de uma personalidade duvidosa. Nesses momentos, as estrelas escurecem o seu brilho, esmorecem escadas de controlo e descontrolam-se as iniciativas que porventura poderiam escrever páginas na história. Dessa forma tornam-se apenas vírgulas e reticências.
De palito ardente e constantemente alheio às nossas vontades futuras, caminhamos na madrugada de um desejo. Planeamos odores e esquizofrenias reluzentes enquanto o céu se transforma em máquina do tempo, onde transportados para um outro mundo seríamos se assim nossas pestanas desejassem. O palito ardente comove-se em poucos segundos enquanto chegamos ao Castelo do Imaginário. Lá, somos recebidos como convidados esperados e tratados como os próprios reis desse castelo. Sentamo-nos em poltronas almofadadas, questionadas pelos séculos que também lá habitam, soltamos palavras de ordem um para o outro e sorrimos às paredes que albergam vidas já vividas.
No nervosismo natural do momento, o que treme são as ideologias e não as realidades que se atravessam rapidamente à nossa frente. O próprio imaginário relança espetos de saudades e é essa a forma dele que faz com que o poço do castelo transborde continuamente. O céu já mal se vê, deduzimos e a terra está queimada. A água esperneia e solta afirmações que furam nosso espanto, enquanto o gelo nem chega a derreter porque nunca chegou a existir. O momento é de quem o apanhar, julga-se.
Avassalador e estonteante para nós, talvez, mas a situação que vivemos não nos é estranha, a diferença é o raio do castelo, coberto com teias de aranha e que consome parte da nossa imaginação e querer. O palito ardente é agora passado e o silêncio torna-se presente. Um silêncio enfeitiçado, que prende as tábuas de uma vontade ilimitada. ”
O queixo rugoso treme, afina-se calmamente. Seduz a melancolia. Preenche páginas em branco. Falta a compromissos ainda mais rugosos. E… sorri, de alma depenada, de espírito quebrado. Soma total: subtracção de rugas. O tempo a afrouxa, calça luvas de respiração, pendura seu esqueleto no cabide da vaidade e espeta calculismo nas lágrimas de Chaviera. O ponto fraco, a hora da vulnerabilidade é um peso que um redondo milagre não suporta por muitas borboletas que carregue. Mortas, ou pelo menos moribundas, porque por cada representação altiva uma pestana cai… no abismo. E nem odores nem vontades, nem luvas nem sopas arredondam cavernas inquebráveis. Talvez o piano manco, mas esse há muito que não cria, que não reluz… esse, é uma fita, é um murmúrio, um segredo, é uma mentira sem lógica e irreal. É uma melodia nua, despida… inexistente, porque não?
Por vezes, Chaviera, escuta o som do odor que ela própria persegue. Inconscientemente ou não, só ela pode escolher o tema da perseguição a realizar nas estupefactas linhas da sedução que apelam a seu famoso choro. Nesse odor, cabelos lisos de rebeldia contrastam com a insegurança de seu olhar, numa batalha crua, causando milhares e milhares de mortos, milhares e milhares de moribundos, desfeitos pela simples hipótese do auge acontecer.
Numa fotografia tipo passe, rasgada e gasta pelas lágrimas casuais de algo ou alguém, perdura a insignificância do mesmo que se mostra. Mas perdura… independentemente do que seja. Basta isso para ser mais do que qualquer outro objecto ou ideia que naturalmente se prontificaram a conjugar-se com a batalha, com Chaviera.
Em seu quarto, Chaviera o divide em dois. De um lado, uma cama vazia, sem recordações, despida, que existe por existir. Ao lado da mesma, um armário que se estende a uma outra galáxia, completamente desconhecida para qualquer ser vivo, mesmo para ela, onde num só dia, um metro só percorre. Entre a cama e o armário, uma cómoda azulada, vidrada em melancolia, rasurada pelas unhas longas e espetadas de Chaviera, descansa. Na cómoda pousam óculos, chávenas, livros e tristezas umbilicais. Na verdade, nada sobressai neste lado do quarto, nem mesmo a névoa que assombra o enredo de seus intervenientes materiais mais vistosos.
Do outro lado do quarto, sim, o lado que abrange toda a série de fantasias e questões éticas encontra-se uma outra cama. Esta, plena de ideias, marcas e cicatrizes, ponteiros embriagados e espuma brilhante, é o centro de uma metade. A seu lado, uma varanda, com vista para um horizonte imperfeito e futuro, mas por um canudo de jornal. Aos pés da cama, uma cadeira se encontra, onde Chaviera, após se despir, coloca sua máscara quase que transparente. Carrega máscaras e sorrisos, imperfeições que assim se tornam perfeitas… E em toda esta electrizante conjugação que só a pele pode autenticar, a prova de quem Chaviera é mostra-se sem receio. A porta das metades fecha-se e as paredes continuam brancas.
Num alongamento apressado pelos bens arrumados pacientemente, descobre-se a sensatez e a palidez dos gestos outrora refrescantes. Mal dizer é preponderante para alienações conjuntas, mas um qualquer fósforo admite e prova esse facto. Tendo isto em conta, acender o disco do fogão quieto enquanto se cola pele quente é apenas uma formalidade no protocolo da sedução que nunca se esqueceu. Não existem lembranças que não perdurem em lágrimas repetidas. É o paradoxo da pseudo-imortalidade de Chaviera.
Escrito Ardiloso Com Fundo De Jagodes III
“As cordas rompem-se à medida que se estrela uma face perdida no tempo. Rosada, cicatrizada e pontuada pelas mordidas das retribuições calóricas, firme, que reluz através de passos largos, redonda, com janelas estreitas e portas abertas, esburacada, pelas pontas fortes da questão superficial de uma existência e triste, devido à alegria que teima em atenuar sua presença. É a face da derrota.
As cordas rompem-se à medida que se abre uma mão perdida no espaço. Rugosa, devido às linhas temporais que a atravessam, suja, pelo trabalho que persiste e persiste, calorosa, devido ao gelo momentâneo de um agrafo mal colocado no arquivo das saudades, manchada e colorida de vermelho sangue pois cor não tem quando as feridas das falhas constantes a invadem com asas de formigas verdes e de pijamas ao avesso. É a mão da derrota.
As cordas rompem-se à medida que um pé galga um destino. Cinco dedos. Cinco unhas. Cinco rugas e cinco prováveis tentações. Matemáticas quase. Calcular uma distância percorrida assim como a mesma a percorrer envolve teclas instrumentais que a nuvem do esclarecimento consegue cobrir, ou descobrir. Um passo, porque assim o é, dois passos porque o primeiro foi. Físico, mas espiritualmente com potencial. Dobrado, pelas questões imateriais, vertical, como a saudade do livro rasurado. Ansioso e destemido, revoltado e alicerçado na politica comum dos deuses da terra e do ar. Convocado, para sempre se alienar, de sorriso escondido, para sempre se mostrar. Fulcral, pois tudo depende dele para se movimentar. Físico, larga pegadas de bichos engravatados e de bengalas encostadas na mala de uma qualquer sedutora de olhos em bico e língua aos quadradinhos e com a verruga na ponta dos cabelos negros. É o pé da derrota.
As cordas rompem-se à medida que o peito se enche de ar filtrado pela eloquente sedutora. Suave como a linha que não vê e prende toda uma sintonia impessoal. Fino como o que separa a morte da vida e forte como uma formiga amaldiçoada, com dez dias de trabalho em cima, mais um grão de um qualquer pseudo-alimento, um desgosto, uma pata quebrada e uma gota de uma nuvem que não surge. Atraente como as lágrimas de sabor a mel e a cuspo melancólico. De umbigo em riste é um camaleão importante no que diz respeito ao fumar ou não a vampírica questão do alojar a bala do entretenimento fugaz e do escape instantâneo. É o rebelde da rebeldia empírica. É o peito da derrota.
As cordas rompem-se à medida que o braço esquerdo abraça a paisagem da humilhação. Forte mas fraco, em relação ao direito. Direito mas torto em relação ao direito. Ruminado, por crer em igualdade e justiça perante o seu par. Acelerado e movimentado pela tesoura que cola as pontas de sua intriga. Psicótico e alterado pela chuva que teima em cair no cotovelo que lá vive e que lá se dobra, que lá se vicia e que lá se revolta. É uma pauta de uma só nota. É o braço esquerdo da derrota.
As cordas rompem-se. Em definitivo. Todos caem, todos se desprendem. Não há nada que os ampare ou os acompanhe. Apenas um espelho que grita e grita e reflecte descontroladamente enquanto, vertiginosamente, cai. É o espelho da vitória. ”
Na sala de jantar um prato de destaca, aquele reluzente, com pintas acastanhadas e sabores perdidos. Está pousado na mesa ao fundo relaxando entre uma maçã e um palavrão. Quebrado pela omnipotência do chá, não se senta alguém à distância de lhe tocar. É perigoso. Mas tentador. É um dos objectivos. Criar tentações. Tem a lição bem estudada, não faltou a uma aula sequer, não se distraiu por um minuto que fosse. Assim, sabe os pormenores com que tem de lidar, sabe os palavrões que tem de recusar e aturar. Só não entende o espaço em seu corpo. Não o define porque não pode, não pode porque não lhe ensinaram tal, não tem ponto A nem ponto B nem um outro qualquer ponto que se possa atravessar. Daí a luz e reflexos perderem-se novamente nas lágrimas de Chaviera.
Percebe-se, pouco a pouco, que o mérito é relativo nesta história e o demérito quase, quase Rei. Para o ser, falta o odor, o aroma infernal do não conseguido, príncipe comum no historial que alberga Chaviera. Comum e constante, mas nem sempre presente, Um pontapé com o pé esquerdo costuma afastá-lo. A sala de jantar não gosta destes atrevimentos, violência descabida e que co-habita com a paz emprestada pela angelical obra de um qualquer Deus, portanto, como medida extrema e necessária, instalou-se com felicidade estampada, sete ponteiros adormecidos nas janelas e ainda um outro na mesma mesa… ao fundo. Sentinelas atentas mas sem forças. É o suficiente para interligar a varanda do calculismo que funciona continuamente na tentativa de albergar, não uma mentira, mas uma verdade, pelo menos…
Chaviera não conhece os seus cantos. Não vive neles nem por eles. Não os respeita nem desrespeita, existe apenas uma indiferença quase carnal, mas com classe. Entra e sai, com dificuldade. Quando sai, não quer entrar, quando entra quer sair. Expulsa remédios e ajudas de tudo e de todos mas apressa a desculpar-se, a ela própria. Viver com medo causa mal-estar no derrame de suas lágrimas. E isso é bem mais importante que sua vida ou morte. Disso depende toda uma mentira, a única que é capaz de as armadilhar.
Solta os guarda-chuvas na rua, molhados, friorentos e desgarrados de oportunidades solarengas, sacode lençóis de um antigamente e deita-se nua e crua na entrada de uma esquizofrenia saudável. Não sem antes amarrar os cabelos longos que a cobrem, ritual descabido para as aranhas que a observam, mas ritual necessariamente absoluto para a tonalidade de sua imperfeição. Varre as cascas, limpa o nariz com séculos passados, rompe uma qualquer tradição e de rompante, assinala o ponto de partida para a sua aguardada razão de viver. Estão cinco graus negativos e chove como nunca choveu. A positividade relembra a fantasia cerebral do mosquito que atravessou um oceano e jamais se recordou. Não basta passar para afirmar como história. Chaviera sabe disso. É a sua sombra.
A imagem de Chaviera não perdurará nos tempos vindouros. Não poderia ser de outra forma. É algo que acontece naturalmente, sem azo a filosofias que questionam as razões para tal. A imagem de Chaviera, será uma reciclagem natural, sem eufemismos ou ideias vincadas, sem monstros ou pequenos pedaços de céu e nuvens coloridas. A redonda figura será alarmada perante os que observam, a espada à cinta funcionará como um raio-X autorizado pelas mais redondas formas e as rugas no queixo estenderão delicadezas de novas figuras. Para entender o inicio Chaviera sabe melhor que ninguém que é necessário entender primeiro o fim. E não usurpando realidades, torna-se ainda mais realista no delinear de suas conclusões e afins. É a subtileza da mentira. Mas falemos baixo, muito baixo, a redonda forma formam redondas utopias. E para quê mais?
Vinte para as oito. Chaviera alimenta-se. Cenouras azuis, cruas e recheadas, verduras lamacentas, carnes entrosadas com destinos, carroças de melancólicos tremoços regados com a cevada estrelar. Como sobremesa, a azeitona mal vestida, o caroço ondulado na pele de uma animal esfomeado e morto e um toque, um gosto de ansiedade. Seria a cereja do Rei ou a tiara da princesa. Assim como poderia ser o fundo do poço da vila de Chaviera. A preocupação com a sua dieta encontrava-se exactamente aí.
Escrito Ardiloso Com Fundo De Jagodes IV
“ A relação entre existências corporais manteve-se, apesar do ramo quebrado pela inocência e objectividade. É a conclusão do relato cúmplice acerca do místico odor e da tenebrosa transpiração. Assim se começa o relato de um relato. Pelo fim. Pois o começo não passa por lembranças, antes por lições apresentadas ou até mesmo pelo tropeção irracional e sem acaso algum. Prova disso? Não há. O que existe são apenas os processos naturais para o Alcançar, entidade máxima da sinopse surda que abastece as veias da tranquilidade fugaz e mascarada por líquidos boquiabertos perante as facilidades inexistentes.
Com o horizonte rodeado de porcas, o sono rompe um silêncio maligno. Na destreza imparcial, um momento perpétuo augura a complexidade do dedo. Este, rasurado por impressões alheias, move-se num mundo irreal, transportando declarações inócuas que voam muitas vezes nas paredes da ilusão máxima. Não poderia ser de outra forma.
Numa lassidão de cortar suspiros, num entrosamento de lamber lábios, numa maratona cheia de um perfil cognitivo que não pára o relâmpago de morfologias e antropologias (só para ficar bem…) sexuais, o Alcançar repudia o norte de todos os sentidos. Esfrega o antebraço, abre uma porta e no aquecimento, pré-aquecimento, diga-se, escarra na palmilha das cócegas estrelares provenientes do universo número 13702 (pouco importa). ”
Chaviera era redonda, tinha músculo no pé esquerdo e rugas no queixo. Chaviera regozijava com a extensão de seu paladar. Sabia perfeitamente que pouco lhe sabia. Quando o paradoxo maior chega, a redonda Chaviera sabe que são um quarto para as oito.
Escrito Ardiloso Com Fundo De Jagodes V
“ Na altura quente do relaxamento frontal de um ente questionável, a melodia do piano manco alterou-se repentinamente. A cauda sofreu inclinações perturbadoras e as pernas firmaram o ar rugoso. Houve violência invisível mas que deixaram marcas, quase cicatrizes, no esplendor da natureza esverdeada. No entanto, não rompem a matriz esquelética da inovação pendente nos calcanhares saudosistas que arrebatam solas quase sobrenaturais.
A ideia de que tal pudesse acontecer, tanto o relaxamento como o rompimento das solas, estava alienada nas causas sociais da coxa madrugadora. Mas nem isso impediu que existisse a causa/efeito necessária para que palavras e actos se agarrassem um ao outro. Corar é natural quando o conjunto de factores ideais se atravessa no momento infeliz que teima em existir. O equívoco é reluzente, na paixão intrínseca de olhares pavorosos, resulta de treinos mal sucedidos e explora mímicas estreladas e planeadas sem pudor ou regalias.
Uma página em branco nunca será preta a não ser que esse momento perdure até que o objectivo seja… objectivo. Natural. É a palavra preta.
A concentração não existe em patamares onde a importância usa coroa e onde as meias estão rotas e sujas. Não existe em patamares onde essas mesmas meias apertam as veias da objectividade e até mesmo do lisonjeio crispado. Não existe no soalho manchado pelas lágrimas de um guarda-chuva ou pelos cobertores sem causa ou identidade. E não existe, muito menos, no reflexo de um pensamento criativo, a não ser que esse mesmo pensamento seja a bota em ascensão. Para existir essa concentração o necessário seria a melodia não se alterar ou o relaxamento frontal olhar de lado para um preenchimento inoportuno. A impossibilidade à tona mede-se por um palmarés de mortalidade não criativa. Só assim a parte criativa compara um expoente, ocasional ou não.
O drama do invencível, assim como a merda da relva amarela é tapete comum na idealização máxima de uma cor que se torna moda. Apresentar uma outra não srá misturá-la mas antes assustá-la, ameaçar com tónicos e tons de excelência pictórica. O resultado não revelaria poderes ou inovações absolutas mas questionaria o caminho escuro de uma inspiração voltada para um esvaziamento. Por definição, é a concentração. ”
"Reflexo de Jagodes"
Jagodes não conhece cantos ou recantos ou até mesmo panaceias que possam vosear atritos de outrora, Jagodes é pando e panal, é um manipanso remansado que não se jacta pois não pode, ele escorva com bágoas e brados cristalinos futuras intromissões e nas vísceras do que viveu impele um ululo sem rebuço mas suficientemente necessário à civilidade promissora. Na tentativa dislate de se inserir num processo visual já estabelecido e insigne no seu ignoto alicerce social, Jagodes falhou como já estava estabelecido nos cenários patentes mas, e numa quase carnal indiferença, legou o seu Reflexo.
Numa geometria já delineada, com cenários anteriormente calcados e atropelados, a sombra do risco é mais forte que a confiança futuramente traçada na visita de Jagodes. Entende-se portanto, na régua caudal do vermelho imposto que esta personagem não é mais que o mosquito que por vezes se infiltra na húmida e quase gelatinosa vertigem da tinta carregada no branco, aquele que enquanto se mistura o açúcar no café, rodando num sentido sem sentido, em titânio se tornará. Com um lanço de espátula experiente será textura de obra inacabada e no esquecimento do anterior será alicerce de novo esquecimento na construção de fútil evento.
Jagodes era recto, com subserviência inconsciente em cenários patentes em seus minúsculos dedos de marfim e abusava de utensílios sociais ultrapassados, os mesmos que rogava em escopo no patíbulo proveniente de lugares comuns. Sorria na imensidão circadiana da letargia real das passagens apócrifas de elementos ulteriores à falha constante e conjugava com mestria seus medos e receios numa amança de causar inveja aos axiomas salobres que perduravam na ôntica e grota inépcia, núncia de desejo. Jagodes, cuspido por gajes compósitas e circinado na leveza imposta, calculava a tentativa de se inserir, túrgido e muitas vezes solapado ou como peia de bandeira, no rigor com hirsuta teimosia e com uma viçosa e mormente calma ondulada… ganhava e perdia, sendo que o significado seria sempre o mesmo em sua interpretação, uma sarça de fato e gravata, torneados numa perene cupidez depuradora que se voltará a repetir. Jagodes tinha fome, numa qualquer casa, num qualquer lar.
Jagodes não conhece cantos ou recantos ou até mesmo panaceias que possam vosear atritos de outrora, Jagodes é pando e panal, é um manipanso remansado que não se jacta pois não pode, ele escorva com bágoas e brados cristalinos as suas futuras intromissões e nas vísceras do que viveu impele um ululo sem rebuço mas suficientemente necessário à civilidade promissora.
Jagodes expulsa os remédios demagógicos e numa quase carnal indiferença, postada em tijolo de argamassa viril, faz depender toda uma ilusão no cadmium latente na ferida de uma paisagem em que a vida e a morte são meros personagens. Jagodes sai à rua, esse é o vau de rio fortuito, esse é o quadro de cruzes feitas e exauridas na gravata intelectual da ferramenta de cascas varridas com bico de flamingo ferido, esse é o seu maior feito.
No ritual, a pena surge. Pueril fantasia para os que exibem florão! Fétida intromissão consciente! Em balão de ar, adrede causticante, com faca de rotina firme e inelidível, instado a si próprio num estipêndio primordial com capelo em linha, Jagodes ilha-se…
Em torno do impelir diástrico, Jagodes espreita pelo corpo de quem o recebe criando janelas repletas de cortesia vã que, de mosquete oferecido, olvida a turbação da pausa esculpida lateralmente na véspera de um sapo com farda que corre foneticamente na intervenção da história cortada pela formiga em charada navegando. Austera perícia e ajustamento leve como a pena da vírgula que se intromete são características que batalham no abstracto da néscia e esguia verdade de um balão arremessado pelo cenário criado e preso, azul ou negro e branco de palidez roxa.
Ilhado, Jagodes, recto e com minúsculos dedos de marfim entende por momentos que é alimento para vírgula e parcela para a soma da subtração. Indiferente às suas impossíveis conquistas que sustam episódios causticantes em sua pele, Jagodes lega reflexos e linhas de probidade espuída. Não se torna lema pois é inconsciente, é hirsuto, seu compósito de sofrida humilhação mas é túrgido seu arremesso de solapadas ferramentas da intrusão social. Negativo é o resultado fungível da reacção que trasfega verticalmente mas é quase a origem da regalia torneada em tinta que pesquisa e absorve um autor ou um olho e ponto de vista. Chama-se ou grita-se a isso de reflexo, de algo endogénico na decrepitude passada, que mais não existe e goza com capelo de perenidade azul com bolinhas de sabão sujas e brilho expoente na imaginação depuradora de uma batata, de uma cenoura ou até de uma pata panda e panal como Jagodes.
Treco-lareco de trábea minaz que voseia escravo sem cravos com berbicachos de um exordial propalo precatório, rogado da planície negra que só existe porque as vísceras de um qualquer autor assim o deseja. Treco-lareco de lendas zurradoras que, absortas, escorvam trebelhos destinado ao panal pando da barroca boca sem mosca que calca e galga sem manga o oposto da borracha-cola entreposta em dedos de rabos sentados, delineando assim, mais uma vírgula de casca suada pausando o necessário ruído e voraz presença da cor que se reflecte. Jagodes, ilha-se… na penúria do olho campestre, ordenhando no ritual de pena e na rotina firme da faca, agora acompanhada de sua esposa, com bicos de sedenta sedução, prontos a ser tocados pelos lábios que só existem e existir, só existir, é fruto verde não comestível para o suado tabique entre realidade e o irreal que Jagodes bamba constantemente na sarça de fato e gravata. O tijolo parte-se e volta a partir-se quando o cadmium de tinta do autor pressiona a existência e a sociedade, juíza do vê e revê, vírgula, ponto, garrote, redoma do cão de guarda em plenos quinze minutos de fama (cliché transpirado).
Nu e viril, de tijolo pousado na igualdade prometida e de nariz inexistente aos cheiros que os cercam, o panal Jagodes martiriza seu destino sem fava e sem casca varrida. Intromete-se intrometido, navega navegado e sorri com sorriso para que sua imagem volte numa eloquente volta do linchamento vidrado de impossibilidade histórica. E na penetração de força questionável nos cenários sociais como agora se ouvem lá fora (dentro do fora) pesca a sua vagarosa e numerosa família que não surge.
Descrente, cria pois foi criado e numa inconsciente e perene inconsciência reflecte seu legado como patíbulo a si próprio.
Escritos Ardilosos com Fundo de Jagodes
(“Devota Consciência de uma Pele Maldita” – 2012) Probidade com fé de (um) Jagodes. Profecia (decrepitude de autor).
I
Entre a lata do açúcar e o álcool que não dançava passeaste descontraída observando os grãos de futura maldade na viagem já planeada. Persistente e curiosa galgaste o terreno doce, construído e desgastado pela sombra da mesma. No esfregão de riscos calculados descansaste e no amarelo que lava loiças pensaste o verde que esperançava a regalia da vida, seu mais alto ponto de expectativa real.
A claridade que penetrava o chão gasto e pegajoso clarificava um objectivo mesmo antes do calor do fogão aquecer o leite derramado. Em nata se tornava, apenas e só para cobrir suavemente as costas que salvariam milhares. No tic tac do relógio aborrecido co-existia a pergunta da sobrevivência e no ponteiro maleável pelo sono humano pregava a resposta em tom raso e incolor. A lata de açúcar casa com a claridade.
A formiga desprende a visão e num calcanhar de apóstolo segue uma tratada e inexperiente hora de destino. Um ruído de alarme é suficiente para milhares se acautelarem enquanto o trabalho definido, espera, sem ponto e sem vírgula.
Hoje levei uma formiga para o trabalho, seu nome é Terceiro.
II
“As cordas rompem-se à medida que se estrela uma face perdida no tempo. Rosada, cicatrizada e pontuada pelas mordidas das retribuições calóricas, firme, que reluz através de passos largos, redonda, com janelas estreitas e portas abertas, esburacada, pelas pontas fortes da questão superficial de uma existência e triste, devido à alegria que teima em atenuar sua presença. É a face da derrota.
As cordas rompem-se à medida que se abre uma mão perdida no espaço. Rugosa, devido às linhas temporais que a atravessam, suja, pelo trabalho que persiste e persiste, calorosa, devido ao gelo momentâneo de um agrafo mal colocado no arquivo das saudades, manchada e colorida de vermelho sangue pois cor não tem quando as feridas das falhas constantes a invadem com asas de formigas verdes e de pijamas ao avesso. É a mão da derrota.
As cordas rompem-se à medida que um pé galga um destino. Cinco dedos. Cinco unhas. Cinco rugas e cinco prováveis tentações. Matemáticas quase. Calcular uma distância percorrida assim como a mesma a percorrer envolve teclas instrumentais que a nuvem do esclarecimento consegue cobrir, ou descobrir. Um passo, porque assim o é, dois passos porque o primeiro foi. Físico, mas espiritualmente com potencial. Dobrado, pelas questões imateriais, vertical, como a saudade do livro rasurado. Ansioso e destemido, revoltado e alicerçado na política comum dos deuses da terra e do ar. Convocado, para sempre se alienar, de sorriso escondido, para sempre se mostrar. Fulcral, pois tudo depende dele para se movimentar. Físico, larga pegadas de bichos engravatados e de bengalas encostadas na mala de uma qualquer sedutora de olhos em bico e língua aos quadradinhos e com a verruga na ponta dos cabelos negros. É o pé da derrota.
As cordas rompem-se à medida que o peito se enche de ar filtrado pela eloquente sedutora. Suave como a linha que não vê e prende toda uma sintonia impessoal. Fino como o que separa a morte da vida e forte como uma formiga amaldiçoada, com dez dias de trabalho em cima, mais um grão de um qualquer pseudo-alimento, um desgosto, uma pata quebrada e uma gota de uma nuvem que não surge. Atraente como as lágrimas de sabor a mel e a cuspo melancólico. De umbigo em riste é um camaleão importante no que diz respeito ao fumar ou não a vampírica questão do alojar a bala do entretenimento fugaz e do escape instantâneo. É o rebelde da rebeldia empírica. É o peito da derrota.
As cordas rompem-se à medida que o braço esquerdo abraça a paisagem da humilhação. Forte mas fraco, em relação ao direito. Direito mas torto em relação ao direito. Ruminado, por crer em igualdade e justiça perante o seu par. Acelerado e movimentado pela tesoura que cola as pontas de sua intriga. Psicótico e alterado pela chuva que teima em cair no cotovelo que lá vive e que lá se dobra, que lá se vicia e que lá se revolta. É uma pauta de uma só nota. É o braço esquerdo da derrota.
As cordas rompem-se. Em definitivo. Todos caem, todos se desprendem. Não há nada que os ampare ou os acompanhe. Apenas um espelho que grita e grita e reflecte descontroladamente enquanto, vertiginosamente, cai. É o espelho da vitória. ”
III
“A influência que exerces não é compatível com a manhã que sonhaste na ardência de teus olhos. Lacrimejar não é lei no teu reino e assassinar parcelas de felicidade é teu lema. Esbanjar raios de oportunidades profere tua sina e mostra transparência quando transportas destinos de outrem. Pois tens esse poder, pois tens esse ardor, pois porque queres, pois porque crês. Tua sombra está distante do que pensas enquanto materializas o odor de um movimento que emprestaste ao apóstolo da energia açucarada. Em latas vives, em pratos dormes e em lençóis de pele estudada pela maldita fome de errar, dormes. Lanças feitiços sem noção da página, lanças círculos de outrora entrelaçados nas veias das rugosas calçadas por onde caminhas. E tua pele permanece igual, maldita como o verniz estalado de tuas pestanas.”
(…) Jagodes ilha-se…
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